sexta-feira, 21 de maio de 2021

Médico avalia médica que depôs na CPI do Covid


Um suposto médico, que se diz professor da Faculdade de Medicina da USP, publicou o artigo “É hora de a CPI superar o mito da hidroxicloroquina”,  no qual fez a análise do interrogatório a que foi submetida a médica Mayra Pinheiro na CPI do Covid-19.

A doutora Mayra fez a defesa do tratamento precoce, no que está certa, afinal de contas paciente com câncer, problemas cardíacos ou qualquer outra moléstia grave, se tratado precocemente tem maior chance de cura; e se não tratado precocemente tem maior chance de morte. A Covid-19 não é exceção. Para essas assertivas, não precisa ser médico, basta não ser estúpido. 

Adicionalmente, a interrogada fez a defesa do uso da hidroxicloroquina acompanhada de outros remédios, no que também está certa, dado que dezenas, centenas e até milhares de pessoas que se submeteram ao tratamento com esses medicamentos se curaram. Todos? Nem mesmo médico pode afiançar. Ah, mas não tem comprovação científica. 

Ora, o “remédio do Barreto” (mistura vegetal formulada pelo velho e analfabeto Barreto) que meu saudoso pai, um modesto lavrador e depois comerciante (num pequeno povoado, na fímbria do pantanal, onde não tinha médico, remédio e hospital), ministrava aos pacientes “ofendidos de cobra” (como era mencionado na roça) jamais foi avaliado onde quer que seja, mas salvava vidas.

O articulista, fantasiado de jornalista — e se arvorando na condição de professor —, fez severa crítica às declarações da doutora Mayra, bem como aos prefeitos que adotaram as abordagens do tratamento precoce e da utilização do coquetel de medicamentos. Obviamente, esse caboclo não deveria ser professor; ele tem muito a aprender e precisaria voltar para os bancos acadêmicos. Bom, desde que não seja mais um dentre tantos que padecem de morbidez ideológica, intratável e contagiosa; e, nesse caso, o cabra é absolutamente irrecuperável.

De qualquer sorte, a origem dessa controvérsia está na instituição de uma nefasta CPI para investigar as mortes na pandemia do coronavírus que afeta, de forma similar, o Brasil, os quatro países mais desenvolvidos do mundo (EE UU, Reino Unido, Alemanha e França), bem como os três países mais relevantes da América espanhola (México, Colômbia e Argentina).

 

Designar corrupto para investigar corrupção e má gestão equivale a ter o André do Rap atuando como promotor no julgamento do F Beira Mar ou Eichman no julgamento do Goering. Isso é democracia? É civilização? É processo ético? É compromisso com a verdade? Ou é apenas uma caracterização do lado nefasto da valorosa plaga de Alagoas (uma metáfora do Senado da República)?

 

"E é um crime ainda terem se apoiado na imprensa imunda, terem se deixado defender por toda a canalha de ..., de modo que é essa canalha que triunfa solenemente, diante da derrota do direito e simples probidade." (Emile Zola, Eu Acuso).

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[Divulgado no Estadão online de 21/Mai/2021]

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