sábado, 31 de dezembro de 2022

A casa, a escola e o rio

"O lavrador perspicaz conhece o caminho do arado."
Homenagem a Oscar Barboza Souto, antigo lavrador.
In Memoriam.

Em 2014, visitei Rochedo-MS e apresentei à querida família uma parcela de minha trajetória, vivenciada nos distantes idos de 1956 a 1960, compreendendo as seguintes vertentes: 

– a casa em que morei, contígua a estabelecimento comercial;

– a escola em que estudei o curso primário; e

– o rio no qual quase me afoguei.

A casa. Em 1956, meu saudoso pai, Oscar Barboza Souto, saiu da fazenda do sogro — onde morou nos primeiros 12 anos de casamento com minha mãe, Alaide — e mudou-se para Rochedo. Nesse povoado, antes das núpcias em 1944, fora um dos pioneiros nas artes do garimpo. 

A despeito da exígua cultura formal — na infância, frequentara apenas 3 meses de escola —, nessa nova vivência rochedense, foi nomeado cartorário (Tabelião do Registro Civil). 

Em 1957, Oscar comprou do Elias Daige uma casa que, além de moradia, abrigava comércio decadente. Esse estabelecimento pertencera anteriormente ao comerciante e fazendeiro Issa Nahas.

Após a demissão do cargo de Tabelião, que exerceu durante cerca de 4 anos, Oscar se tornou Juiz de Paz; subsequentemente, vice-presidente do Partido Social Democrático e, em circunstâncias eventuais, presidente do partido. Nessa condição, exibia com orgulho a foto tirada na convenção do PSD, em Cuiabá, ao lado do Presidente Juscelino Kubstchek e do Senador Filinto Müller.

A família morou nessa casa durante mais de 20 anos. Nela, Oscar deu prosseguimento à criação dos filhos. O minguado comércio inicial foi transformado em um dos maiores estabelecimentos comerciais de Rochedo, com a venda de secos e molhados; tecidos, calçados, confecções e armarinhos; ferragens e outros utensílios domésticos; e até mesmo combustíveis, tendo montado o arremedo do primeiro posto de gasolina da cidade — essa caracterização se deve ao fato de que inicialmente era apenas uma bomba manual de processamento de combustível, que, com a chegada da energia, foi substituída por bomba elétrica.

A casa foi pois a fonte de inspiração e de recursos para que Oscar encaminhasse o processo educacional dos cinco filhos. Todos ingressaram em Faculdade. Aléssio obteve graduação em Ciências Militares na AMAN, em Resende-RJ, e graduação em Engenharia, bem como Mestrado no IME, na cidade do Rio de Janeiro — no Exército, ascendeu ao posto de General de Divisão; Angeliqui concluiu Pedagogia em Campo Grande e se tornou supervisora educacional; Aloizio realizou o curso de Advocacia em Dourados, e se tornou delegado de polícia estadual; Agton começou Pedagogia e Direito, e Edna começou Pedagogia, mas ambos não concluíram os cursos e se tornaram contabilistas.

A relevância dessa casa para Oscar, Alaide e seus filhos, é inequívoca e guarda reminiscências afetivas e profissionais inexcedíveis.

Laura, papai Aléssio, Alessandra e Cecília.
Casa na rua Dr. Arnaldo de Figueiredo, s/nº. Abrigou a família de Oscar Barboza Souto, no período de 1956 a 1993. Pertecera a Issa Nahas, que a transferiu para Elias Daige. Este, por seu turno, vendeu-a em 1956 para Oscar.

A escola. Primeiramente, cumpre destacar a arquitetura da fachada, com o ano de origem, 1934, grafado no alto da parede frontal. Fica a dúvida: será que se trata do ano em que foi concebido o projeto ou o ano de construção da edificação? 

A resposta a essa indagação é irrelevante. Cumpre ressaltar a visão dos administradores daquela época. Eles cravaram em um local afastado das virtudes civilizacionais o marco, não raro ignorado, da prioridade e prevalência da Educação para a construção da grandeza humana.

Destarte, urge mencionar que vários jovens, que se tornaram engenheiros, administradores, advogados, militares de nível superior e professores, fizeram o antigo curso primário nessa saudosa escola. É incrível constatar que o ensino era de nível tal, que pessoas de origem humilde, de uma região com pouco contato com centros minimamente desenvolvidos, pudessem dar o pontapé inicial do processo educacional em estrutura tão modesta; algo que na atualidade, com tantos avanços sociais e econômicos, nem sempre é possível.

Dúvida não resta de que a imagem dessa velha escola continua na fronteira da consciência daqueles que tiveram a ventura de trafegar por seus bancos e, especialmente, aqueles que lograram êxito e conquistaram a condição de profissional de nível superior.

Trigêmeas Cecília, Alessandra e Laura.
Pioneira escola construída em 1934; e substituída, em 1973, pela nova Escola Estadual José Alves Ribeiro. A velha e saudosa escola é adequada para abrigar um museu. As antigas e beneficiadas gerações demandam esse presente fundamental para a história e cultura rochedenses.

O rio. As águas ora quase claras ora barrentas, em decorrência do período chuvoso, do rio Aquidauana, exerceram impacto em corações e mentes. Aprender a nadar, atravessar o rio, saltar das pedras ou de frondosas árvores, brincar e até mesmo brigar em suas margens, enfim encarar os riscos inerentes, eram desafios que as crianças e os adolescentes precisavam ser capazes de enfrentar. E aqueles que fugiam da encrenca eram objeto de brincadeiras, de escárnio e de críticas mordazes dos demais — sofriam pois o que hoje se chama pejorativamente de “bullying”.

 

 

Jamais esquecerei que, na quadra dos 7 anos, papai ainda morava na fazenda do vovô e me colocou na pensão da Dª Isabel, em Rochedo, para estudar. Seguindo a tendência dominante, fui para a beira do rio e naturalmente aventurei-me a enfrentá-lo. Comecei a afogar e aí surgiu o anjo salvador: o filho do ‘seu’ Afonso de Araújo Passos, diretor da escola, mergulhou e me tirou da água. 

Quando meu pai soube, prometeu-me uma surra memorável. Por óbvio, não precisava; deveria aprender a nadar, a partir da parte rasa e tranquila — mais tarde, tive êxito. O rio não era virtuoso nem traiçoeiro; os desavisados é que eram vítimas da falta de bom senso.

 

 Levantar-se ao alvorecer, ir à escola na parte da manhã e, à tarde, após o futebol — cujo campo, desafortunadamente, algum administrador destruiu mais da metade para construção de edificações — passar uma boa hora nas águas não tão serenas do rio era fonte de fortalecimento físico e emocional.

Cecília, Laura e Alessandra; Isabel; Alessandra e Aléssio.
O rio Aquidauana nasce na serra de Maracaju (município de São Gabriel do Oeste) e percorre uma extensão de 620 quilômetros até juntar-se ao rio Miranda a cem quilômetros de sua foz no rio Paraguai. Passa pelas seguintes localidades: Fala-Verdade, Baianópolis, Corguinho, Rochedo e a cidade de Aquidauana.

Sonho bom. Essas lembranças — afora a satisfação de me conferir a modesta condição de cronista bissexto — me levam de volta ao passado, sensibilizam e emocionam. Então, permito-me asseverar o seguinte:

   na casa em que morei, contígua ao estabelecimento comercial, ainda criança, aprendi a relevância da família e do trabalho;

   na escola em que estudei o curso primário, tive a percepção do impacto do conhecimento na vida do ser humano; e

   no rio no qual quase me afoguei, aprendi a nadar e valorizar o mérito da superação do infortúnio.

Por isso, dividir esses sentimentos com minha esposa e nossas queridas trigêmeas envolveu-me em alegria e enlevo. Passados alguns anos de nossa visita, rememorar é sonhar o sonho bom, é viver agradavelmente cada momento inesquecível.

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domingo, 25 de dezembro de 2022

Amado, Saramago e Sartre

"O lavrador perspicaz conhece o caminho do arado."
Homenagem a Oscar Barboza Souto, antigo lavrador.
In Memoriam.

Na obra “Encontro de Escritores — Uma reunião inesquecível”, os ‘scholars’ Francisco Gomes de Amorim e Henrique Salles da Fonseca, cuidam de desvendar possíveis assuntos que são tratados em magistral reunião de escritores de língua portuguesa de vários países e de várias épocas, em fictício retorno às plagas terrenas. Entre outros, estão incluídos Camões, Alexandre Herculano, Antero de Quental, Machado de Assis, Gilberto Freyre, Guimarães Rosa e Ariano Suassuna. Na visão dos autores:

“Para além da fama como escritores o que levam os literatos desta vida? E o que falam entre eles?

Eis o que ensaiam os autores deste pequeno livro.

Tratando-se de gente culta e educada, uma coisa é certa: nenhum fala da sua própria obra, mas apenas do que aprendeu com os outros.”

Foram deixados de fora do livro, aqueles que, por infelizes opção e vocação, abrigam em suas mentes o ideário socialista. Cabe então cogitar como seria a participação de três integrantes dessa grei — Jorge Amado, José Saramago e Jean-Paul Sartre; este, francês, para confirmar que toda regra pode ter exceção. Tentar é desafiador. A seguir, é apresentada uma modesta provocação atinente a esses personagens não incluídos na magnífica obra de Amorim e Fonseca.

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A trindade socialista finalmente deu as caras. Conquanto aparentemente tranquilos, Saramago, Amado e Sartre arrastavam-se sem ocultar o peso da consciência dilapidada. Dirigiram-se para uma mesa em que as taças de vinho ainda estavam intocadas. O diálogo entre Saramago e Amado é surpreendente e esclarecedor.

— Estimado Jorge, no passado,  no livro “Entre Quatro Paredes” (“Huis Clos”),  o Jean-Paul colocou no inferno três personagens para purgarem os vícios cometidos na trajetória terrena, quando cada um achava que “o inferno são os outros” (l’enfer c’est les autres”). Similarmente, deixamos nossa eternidade e, aqui retornamos, para purgar as contradições, os desvios político-ideológicos e a mácula da moralidade e da ética, contidos em nossa forma de pensar e agir.

— É bem verdade, José. E nesse sentido, foi estabelecido que o Jean-Paul deve permanecer calado por ter declarado que “somos condenados a ser livres”, mas venera o sistema onde as pessoas são condenadas a viver sem liberdade; e por não se ter sensibilizado com a divulgação dos crimes de Stalin, por Kruschev, no XXº. Congresso do PCUS. Ademais, a despeito de sua expectativa por uma taça de vinho, ele está impedido dessa facilidade francesa; ele só pode ingerir vodca, que pode ser servida agora, ... ou não!

— E você meu caro Jorge, vai ter que renunciar àquela mulata baiana que está lhe esperando na recepção deste conclave. Em nosso purgatório particular, você está impedido de seguir para a Bahia acompanhado pelo espécimen de imprescindível seio desnudo — por seus próprios vícios e também porque o povo baiano está sujeito ao desastre de uma administração socialista. Só lhe resta uma vantagem: você está impedido de confirmar, in loco, o desastre de quem se propõe a abraçar o socialismo.

— É bem verdade, José! Consolo-me em saber que não estou sozinho nessa expiação. Você, por seu turno, não poderá encontrar-se com sua filha Violante e sua última esposa Pilar del Rio (presentes na recepção deste conclave), e seguir para a vila de Azinhaga, onde você nasceu, e onde seria homenageado pela gente da província Golegã. É uma pena, dado que não poderá constatar que, de fato, “o ideal de vida é ser uma árvore”, como você bem afirmara, porém se o socialismo prevalecesse em suas plagas de origem, ele desertificaria o ambiente e assim o ideal de vida passaria a ser um deserto.

— Sim. Mas pelo menos não vivenciamos a tragédia do Jean-Paul que produziu “A Idade da Razão” (“L’Age de Raison”), porém em sua trajetória, tendo abraçado o socialismo, abdicou sistematicamente do uso da razão. Mas mudando de assunto, mestre Amado, considerando que sou um ganhador do prêmio Nobel de Literatura, você não acha que eu deveria pleitear um alívio nas medidas que esses irreconhecíveis patrícios lusitanos estão nos impondo?

— Veja bem, José, os cidadãos do mundo estão vivenciando uma questão paradoxal. Eles devem fazer a opção pelo supostamente grande José Saramago ou pelo inequivocamente grande Boris Pasternak? Como assim? Você me perguntaria. Você ganhou o prêmio Nobel por sua obra literária “Ensaio sobre a Cegueira”relato de uma epidemia torturante que aflige os seres humanos; à qual tem semelhança com a tortura resultante da atuação dos adeptos do socialismo que você venera cegamente. Já o Boris Pasternak também foi premiado com o Nobel de Literatura, exatamente porque, com sua monumental obra “Dr. Jivago”, ele realizou robusta e contundente denúncia contra os absurdos do socialismo.


Nesse instante, achegam-se integrantes da comissão organizadora do conclave para entregar o roteiro das próximas etapas do processo. A segunda etapa da purgação que começaria em breve, consistia na terrível sina de que os três malsinados passariam a ficar eternamente mudos. Um dos portadores da informação aduziu que a terceira e última etapa estava ainda em discussão. As opiniões estavam divididas; havia gente pró e outros contra. A proposta inicial era cortar as mãos dos três socialistas para que não pudessem mais escrever e, subsequentemente, eliminar do cérebro a faculdade de pensar, de tal sorte que a moléstia intelectual e moral que portavam deixasse de ser contagiosa; e não mais se espalhasse por mentes desavisadas.

— Afável Jorge, é imperioso que arquitetemos uma solução para impedir essa tragédia. Por acaso, não lhe ocorre alguma ideia. Por pior que sejam as nossas, não custa tentar algo. Afinal, sonhos e milagres existem. Basta que os procuremos.

— José, José Saramago! Talvez o Brasil tenha a solução milagrosa. E se nós renunciarmos a nossos ideários, denunciarmos o assassinato de cem milhões de cidadãos no mundo pelo socialismo e ... — embora não haja cadeiras, a gente precisaria se sentar para não ter um AVC! — e se nós propusermos a eliminação, antes de 1º de janeiro de 2023, das faculdades de pensar e agir dos lulo-petistas brasileiros, com a renúncia automática a qualquer cargo público eletivo ou não?

— Brilhante solução, Jorge (tão Amado)! Mas falta apenas resolver a questão daquele careca. Bom, é fácil! Um tiro na testa contraria os direitos humanos, sendo pois inaceitável, contudo, foi concebido um raio laser com o diâmetro tão diminuto que, se destinado à parte central do cérebro não tem consequência vital, o paciente sobrevive normalmente, porém se torna tão útil quanto qualquer vegetal. Então, chamemos os integrantes da comissão organizadora.

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Por óbvio, o venerável Francisco Amorim não admitiria a inclusão deste texto adicional. Macular a obra não é preciso. Simples assim! Ele jamais quebraria a leveza e a elegância de seu magnífico opúsculo, concebidas com inexcedíveis criatividade e talento. 

Demonstrar que ‘o inferno é o socialismo dos outros’ (‘l’enfer c’est le socialisme des autres’) pode ser objeto de outras obras.

 

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segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Civismo, arte e fé

"O lavrador perspicaz conhece o caminho do arado."
Homenagem a Oscar Barboza Souto, antigo lavrador.
In Memoriam.

Levei o carro para revisão na extremidade da Asa Norte, em Brasília e, ao invés de aguardar a entrega na recepção, fiz uma caminhada na direção Norte-Sul.

Ao longo do trajeto visitei três locais interessantes: o colégio Leonardo da Vinci; a Associação dos ex-Combatentes do Brasil, sede de Brasília; e a igreja de São Francisco de Assis.

No corrente ano, em que se completam 500 anos da morte do Leonardo da Vinci, o colégio homônimo está completando 50 anos de existência. É uma feliz coincidência ou o produto de uma intenção empreendedora talentosa? A resposta é desconhecida, mas isso é irrelevante. Então, o que importa? O nível educacional do estabelecimento está entre os melhores de Brasília. Nesse sentido, é razoável homenagear o gênio florentino e a escola brasiliense.

Centro Educacional Leonardo da Vinci, uma referência educacional de Brasília.
     A Associação dos ex-Combatentes do Brasil (AECB) exerce com resiliência o papel de preservar o heroísmo dos mais de 25.000 brasileiros que, participando da Força Expedicionária Brasileira, seguiram para a Itália e combateram na Segunda Guerra Mundial; e especialmente dos mais de 460 heróis que tombaram no campo de batalha, cumprindo com dignidade o juramento de sacrificar a própria vida em defesa dos valores da nacionalidade.

Monumento da AECB, com homenagem aos combatentes e ao comandante da  Força Expedicionária Brasileira (FEB), que participaram, na Itália, em 1945, da Segunda Guerra Mundial.
     O Santuário de São Francisco de Assis (SSFA) é de uma simplicidade franciscana e de uma beleza inigualável. As esculturas e os painéis com figuras em alto relevo são de uma sobriedade e beleza incomuns.

Santuário caracterizado por simplicidade, elegância e inexcedível estímulo à crença e a fé.
     Enfim, a caminhada tornou-se um passeio com várias lições. A primeira delas é a percepção de que achamos que sabemos alguma coisa, mas em realidade sabemos muito pouco; e devemos estar conscientes que há muito para aprender — notadamente, em educação, história, civismo, arte e fé.

Assim, expresso a homenagem aos que se dedicam à educação, aos que preservam as epopeias de nossa história, aos que pregam as primaciais noções de civismo, àqueles que se voltam para a produção artística e aos portadores da virtude da fé.

 

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domingo, 18 de dezembro de 2022

Argentina, Campeona del Mundo

En el Mundial de Qatar, donde lamentablemente la selección brasileña quedó eliminada en cuartos de final, Argentina y Francia protagonizaron una final épica e histórica. En el primer tiempo Argentina dominó el juego y llegó al 2-0, en el segundo tiempo Francia tomó ventaja y empató 2-2.

Con la prórroga, el marcador aumentó a 3-3: Mbappé anotó 3 goles para Francia; y Messi marcó dos goles, y Di María uno, para la selección de Buenos Aires.

La decisión fue a los penales y los argentinos ganaron 4 penales contra 2 de los franceses y se proclamaron campeones del mundo, con Messi consagrado como el mejor jugador y Martínez como el mejor portero del torneo. Como consuelo, Mbappé se llevó el título de máximo goleador de la Copa.

 

Como brasileño, apoyé mucho a Argentina.

Y naturalmente para Messi.

Finalmente, Messi se convirtió en el segundo mejor jugador de todos los tiempos.

Si gana dos Copas del Mundo más, se convertirá en el más grande de todos los tiempos.

Felicidades a los argentinos y a Messi.

 

 

Argentina, Campeã do Mundo

 

Na Copa do Mundo no Qatar — em que, lamentavelmente, a seleção brasileira foi eliminada nas quartas-de-finais — Argentina e França disputaram uma partida final épica, histórica. No primeiro tempo, a Argentina dominou o jogou e chegou a 2 x 0. No segundo tempo, a França adquiriu o protagonismo e empatou em 2 x 2. Com a prorrogação, o placar foi ampliado para 3 x 3. Nos 120 minutos dessa partida disputadíssima, Mbappé marcou 3 gols para a França; e Messi marcou 2 gols e Di Maria, um, para os portenhos. 

A decisão foi levada para os pênaltis e os argentinos lograram êxito em 4 penalidades contra 2 dos franceses e se sagraram campeões, sendo o Messi consagrado como o melhor jogador e o Martinez o melhor goleiro do torneio.

 

Como brasileiro, torci muito para a Argentina.

E naturalmente para Messi.

No final das contas, Messi se tornou o segundo melhor jogador de todos os tempos.

Se vencer mais duas Copas do Mundo, se tornará o maior de todos os tempos.

Parabéns aos argentinos e a Messi.

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[Divulgado no Facebook do jornal argentino La Nación, em 18/12/2022]

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[Divulgado no Facebook do Diário Olé, argentino, em 18/12/2022]

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[Divulgado no Facebook do jornal argentino Clarín, em 18/12/2022]

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[Divulgado no jornal espanhol Marca online em 19/12/2022]

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sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Mensagem para o Amorim

"O lavrador perspicaz conhece o caminho do arado."
Homenagem a Oscar Barboza Souto, antigo lavrador.
In Memoriam.

Conheci o escritor Francisco Amorim na viagem para a Antártica. Trata-se de uma pessoa gentil e elegante, um verdadeiro cavalheiro. Logo após a volta do continente gelado, ele presenteou-me com um retrato de minha pessoa, uma pintura muito bem concebida. Depois de um longo tempo sem comunicação, voltamos a interagir. Ele pediu-me fotos de minha turma; e ele fez uma pintura de Isabel e outra das três queridas filhas. 

Quando fui à AMAN, em Resende, para a celebração do Cinquentenário da turma Marechal Mascarenhas de Moraes, de passagem pelo Rio de Janeiro, visitei o Amorim em sua residência em Jacarepaguá e ofertei-lhe um livro recém-lançado sobre o Tiradentes. Não escrevi a dedicatória no próprio livro, pois ele podia já ter lido e nesse caso, poderia trocar na livraria. Felizmente, ele não conhecia o livro.

Reproduzo a seguir o texto que formulei com extremo zelo, de forma a expressar ao dileto amigo a gratidão por suas recorrentes gentilezas.

 


Brasília, 16/12/2022

Ao amigo Amorim,

Ofereço essa modesta lembrança, na certeza de que sua estatura intelectual, alicerçada no conhecimento das realidades portuguesa, africana e brasileira, o colocam na condição singular de avaliar com precisão e objetividade essa obra atinente a passagem histórica tão conhecida, porém plena de ensinamentos para todos que prezam a liberdade e a verdade.

Abraço fraterno,

Aléssio Ribeiro Souto

 

 



 

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

A máxima do constrangimento

A propósito da possível investidura, em 1º de janeiro de 2023, de um ex-honesto, ex-corrupto, ex-condenado e ex-presidiário, um sábio da Antiguidade ficaria constrangido em enunciar uma máxima tão impactante quanto se possa imaginar:

“Um povo com líderes militares, magistrados e parlamentares covardes não merece, mas se credencia a ser liderado por corrupto ladrão.”

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domingo, 11 de dezembro de 2022

Fim do ciclo Tite na seleção brasileira de futebol

O jornal espanhol divulgou o artigo “O Brasil tenta virar a página: ‘Revolução em 2026’ ”, no qual faz a análise do desempenho da seleção brasileira de futebol, na surpreendente e inesperada derrota nas quartas de finais da Copa do Mundo do Qatar. 

O articulista chama a atenção para os seguintes aspectos: desempenho do técnico Tite à frente da seleção, o afastamento do técnico, e as mudanças a serem implementadas de agora para frente. É imperioso destacar alguns aspectos atinentes ao Tite se prendem ao desempenho estatístico da seleção a seu comando — o que seria razoável e desejável — sem levar em conta os adversários contra os quais a equipe brasileira foi bem-sucedida.

 

O Sr. Tite é um perdedor inato jamais poderia ser técnico da Seleção brasileira. Afinal, ele conseguiu o milagre de perder a Copa do Mundo, na Rússia, em 2018; a Copa América, no Brasil, em 2019; e a Copa do Mundo, no Qatar, em 2022. Também, pudera, ele ganha cerca de US$ 300.000.00, para transformar a seleção pentacampeã do mundo em uma equipe perdedora. Ele próprio declarou que seu ciclo na Seleção está encerrado. Por óbvio, um ciclo de perdedor contumaz nem poderia demorar tanto. Que vá em paz, usufruir os mais de US$ 10 milhões que ganhou em 6 anos. E assim os brasileiros podem sonhar em voltar a ter um time campeão.

 

  

Fin del ciclo Tite en la selección brasileña de fútbol

El diario español difundió el artículo “Brasil intenta pasar página: ‘Revolución 2026’ ”, en el que analiza el desempeño de la selección brasileña de fútbol, en la sorpresiva e inesperada derrota en los cuartos de final del Mundial de Qatar. 

El columnista llama la atención sobre los siguientes aspectos: el desempeño del entrenador Tite al frente de la selección, la destitución del entrenador y, sobre todo, los cambios que la Confederación Brasileña de Fútbol debe implementar a partir de ahora. Es imperativo destacar algunos aspectos relacionados con Tite que están ligados al desempeño estadístico de la selección bajo su mando — lo cual sería razonable y deseable — sin tener en cuenta los adversarios ante los que triunfó la selección brasileña.

 

El Sr. Tite es un perdedor nato y nunca podría entrenar a la selección brasileña. Después de todo, logró el milagro de perderse la Copa del Mundo, en Rusia, en 2018; la Copa América, en Brasil, en 2019; y la Copa del Mundo, en Qatar, en 2022. Además, si pudiera, gana alrededor de US$ 300.000,00, para convertir al equipo cinco veces campeón del mundo en un equipo perdedor. Él mismo declaró que su ciclo en la selección ha terminado. Obviamente, un ciclo de perdedor obstinado ni siquiera podría tomar tanto tiempo. Que se vaya en paz, disfrute de los más de US$ 10 millones que ganó en 6 años. Y así los brasileños pueden soñar con volver a tener un equipo campeón.

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[Divulgado pelo jornal espanhol Marca, em 11/12/2022]

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Discurso da formanda Alessandra

"O lavrador perspicaz conhece o caminho do arado."
Homenagem a Oscar Barboza Souto, antigo lavrador.
In Memoriam.

Discurso da oradora da turma, Alessandra Rocha Ribeiro Souto, na formatura de encerramento do Ensino Médio no C. E. Leonardo da Vinci, em 05/12/2021. 

De forma tardia, porém oportuna, incluo-o neste meu blog, para que a reflexão não cesse, jamais! 

Uma dúvida: será que meu modesto meio de expressão está a altura de conceitos, ideias e proposições tão relevantes? 

Uma certeza: meu ambiente de pensar e propor restará enriquecido com a excelência da lição de minha querida filha.

 

 

Senhores educadores, caros colegas, em nome de quem expresso minha saudação também a todas as autoridades, familiares e demais convidados

Boa noite a todos,

Eu gostaria de agradecer a oportunidade de representar os alunos. É uma honra gigantesca, um sonho e um privilégio imensurável. Aproveitando a deixa, nós não podemos esquecer: é um enorme privilégio poder estar aqui e ter a oportunidade de estudar em uma escola como o Leonardo da Vinci.

É fato que o colégio tem falhas, nenhuma instituição é isenta de críticas, nem de reparo – essa é inclusive a inesgotável tentativa humana, a do aperfeiçoamento –, mas uma coisa é certa: prá além de uma sólida formação acadêmica, o Leonardo nos proporcionou formação humana, e, ouso dizer, [capacidade de] reflexão crítica. Isso é perceptível ao se observar o nosso currículo, a excelência que é exigida dos profissionais e os eventos promovidos pela escola. E nada disso seria possível sem aqueles que, de fato, fazem o colégio acontecer e existir, enquanto instituição burocrática, mas também ente vivo, em constante transformação e evolução. 

É preciso agradecer, então, à equipe administrativa da escola. Foram eles os responsáveis por tornar real o sonho da educação, com a administração de todo o aparato que faz essa gigantesca máquina funcionar. É preciso agradecer também à equipe técnico-pedagógica, pelo trabalho fantástico que ela desempenha em prol da escola, dos alunos, dos professores, de manter a ordem em um grupo tão plural e diverso, e por isso mesmo tão caótico e inesperado. Foram essas pessoas que atuaram como mediadoras, organizadoras e, muitas vezes, mais que isso, amigas, e até mesmo como pais e mães dos alunos. Eles são os responsáveis por esse sistema exemplar de gestão de emergências, pedagogia e disciplina. Muito obrigada. Um muito obrigado também aos trabalhadores que mantêm a estrutura física da escola prá nós, a limpeza e a alimentação, a manutenção técnica e virtual, a guarda dos portões e corredores. A atuação de cada membro é essencial pra que o corpo escolar trabalhe em busca da homeostase, da coesão. É a interdependência dos integrantes que nos define como grupo e mostra que cada pequena fração é essencial pro todo, como estudamos na solidariedade orgânica de Durkheim, no 1º. ano [Émile Durkheim foi um psicólogo e sociólogo francês, considerado o fundador da sociologia, pelo fato de ter sido o primeiro a criar um método sociológico que distinguiu a sociologia das demais ciências humanas.]

Aproveitando esse conceito, chegamos aos nossos tão queridos professores. Existe um poema de Cora Coralina, em que ela faz uma adaptação de um trecho bíblico, já no primeiro verso: “Professor, sois o sal da terra e a luz do mundo.” Pensar nisso é de uma beleza poética inexcedível, e de uma grandiosidade existencial também: o mundo só não está cheio de despovoados por causa de vocês, diletos professores, já que toda a luz é também guia, e vocês nos guiam sempre. A capacidade de modificação e de atuação de vocês na vida dos alunos é monumental. São vocês que edificam o ser humano, do alicerce até o topo: é a vocês que é conferida a função de libertar. A condição humana plena depende, portanto, da existência de vocês. O falecido líder sul africano Nelson Mandela possui a conhecida frase de que “a educação é a arma mais poderosa que se pode usar para mudar o mundo.” Cá estão vocês, munidos de nada menos que a possibilidade da viabilização do conhecimento, e é isto, e unicamente isto, que tem o mais radical poder de transformação da realidade. Obrigada por serem corajosos e dispostos a transformar. Eu peço desculpas por falar disto esta noite, mas, professores, saibam que, quando a Indesejada das gentes chegar prá cada um, apenas aquilo que havia de mortal em vocês se terá ido, porque vocês continuarão vivos, imortais e infinitos em todos nós que fomos seus alunos. 

Por fim (finalmente!) agora, somos nós, os que, como meu pai costuma falar, fazem a escola. Os alunos. Talvez nós tenhamos acabado de vivenciar o período mais mágico da nossa vida e, por bem ou por mal, a escola foi enorme parte disso. Anos tão confusos quanto os da adolescência, tão intensos, tão agridoces. Pensar em tudo que a gente viveu nesse colégio... a agitação de entrar numa sala desconhecida, como aluno novo, sem nenhum amigo; a ansiedade de apresentar um trabalho na frente da sala inteira; a felicidade de esperar pela aula preferida da semana; a diversão das conversas e da bagunça do fundão; a tristeza em chorar no banheiro ou levar seu amigo com você pra desabafar lá; os flertes no corredor com o “crush” da outra sala; a vergonha de cair na escada na frente de todo mundo na saída; a euforia de fazer o seu primeiro discurso na ONUVinci, como é denominada a exemplar simulação de eventos da ONU pelos alunos do Leonardo da Vinci; a animação com a chegada da OliVinci [a olimpíada esportiva anual] e a loucura de ganhar com sua turma; a curiosidade por trás do primeiro dia no laboratório; o nervosismo de fazer o primeiro simulado; a celebração em poder usar calça jeans e uniformes do ensino médio; a raiva também passada em tantos momentos; o alívio do último dia de provas; a emoção que era ver as fantasias do “terceirão” [denominação extraoficial do 3º ano do ensino médio] enquanto a gente ainda era do sexto ano e torcer pra algum dia ser como eles...

E agora olhar prá trás e ver que tudo isso já passou não mais que de repente, e que nós não só nos tornamos eles, o “terceirão”, mas também já passamos disso, já nos tornamos adultos, formados, sem mais escola e esses fenômenos que eu acabei de contar. É uma sensação devastadora, nostálgica, mas muito feliz também. A nossa vida aconteceu e foi construída no Leonardo — [envolvendo] todas as nossas metamorfoses. Apesar dessa transição tão séria, é preciso que nós nunca deixemos os nossos sonhos de quando éramos crianças morrerem. 

A grandeza da juventude, que é a importância de se enxergar relevante pro mundo, constitui a nossa essência que se constrói enquanto ainda somos jovens. Sim, porque apesar de todos estarmos formando no mesmo ponto e termos influências em comum ao nosso redor, a nossa reação, o nosso enfrentamento e o nosso poder de realização fazem a diferença e criam uma vivência única prá cada um, de tal sorte que a autenticidade do ser é elevada ao máximo. E nós nos encontramos aqui celebrando tudo que aprendemos, percorremos e alcançamos, encerrando essa jornada estupenda, e indo agora em direção um novo e desafiador caminho que nos aguarda – o do próprio mundo. 

É necessário, é imperioso que esse mundo seja um lugar melhor depois de nós, como resultado de nosso pensamento e de nossas ações. Como futuros professores, artistas, cientistas, ativistas, todos nós podemos mudar o mundo. É graças ao que a escola nos possibilitou que nós vamos ser os criadores e transformadores da Terra, não mais presos ao nosso microcosmo ou a nossa realidade, mas podendo alcançar limites muito além. Nós temos, por conta disso, a responsabilidade pelo mundo, não apenas pelo dever de fazer dele um lugar melhor, mas pela necessidade de fazê-lo assim. Claro, temos que agradecer aos professores e profissionais do colégio porque é devido a eles que nós temos vários e novos modos de mudar esse mundo, e chance extremamente prolíficas. Nós temos de continuar estudando, trabalhando e fazendo o nosso melhor, por eles e por nós, sem desistir ou deixar de tentar. Por um único motivo: porque a frase proferida por Stephen Hawking “Não importa quanto a vida possa ser ruim, sempre existe algo que você pode fazer, e triunfar. Enquanto há vida, há esperança.” é algo que desde sempre os nossos professores tentaram nos mostrar.

Assim, cada um de nós, com seus esforços para chegar até aqui e passar prá uma etapa tão importante da vida, ratifica a ideia de que a vida escolar e o aluno são muito mais que suas notas. As emoções vividas, a determinação, a coletividade e a união mantêm o que somos e nos guia para o que nos tornaremos, para o que desejamos ser e para o descobrimento de qual é a nossa função nesse mundo tão vasto. É com base nessa tentativa vitalista “camusiana” de determinarmos nós mesmos as rédeas da nossa amplidão que eu friso a importância de nos mantermos jovens, porque é assim que nós vamos transformar. Que nunca percamos, portanto, essa essência do estudante, do jovem idealista, romântico e inovador que quer transformar o mundo.

Eu vou sentir muita a falta de vocês, nós tivemos um tempo maravilhoso juntos. Uma menção honrosa aqui para Laura, Cecília [as irmãs] que me apoiam sempre, e prá meu pai e minha mãe, que também o fazem e viabilizaram as condições para que eu estivesse aqui. Obrigada por não deixarem de acreditar em mim. Muito obrigada a todos!

 

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