No excelente artigo “As Forças Armadas e a preservação da democracia” (Estadão de 9 de abril), o Sr. Will Ludwig aponta duas questões relevantes. Na primeira, o articulista identifica o desinteresse de políticos, de integrantes da mídia e de intelectuais na análise de temas militares. Na outra, ele caracteriza duas abordagens distintas, atinentes aos militares: “o confinamento dos militares nos quartéis para se identificarem ao profissionalismo e a progressiva integração deles na vida em sociedade” — a primeira, constatada em Portugal; e a segunda, constatada em Israel.
É oportuno destacar que o Sr. Ludwig deixou de considerar dois aspectos relevantes: a incongruência entre Forças Armadas de Primeiro Mundo em um país com políticos e magistrados de Enésimo Mundo; e a indigência, na evolução brasileira, de revoluções, intelectuais e estadistas — dado que as primeiras (como as Revolução Francesa e a Revolução Americana) têm faculdade depuradora do ambiente humano; os intelectuais indicam os rumos adequados para a sociedade perseguir; e os estadistas se encarregam de concretizar as ações para seguir pela trajetória delineada.
Nesse contexto, o Sr. Ludwig não projetou no futuro (sem trocadilho) os ensinamentos do passado. Quer dizer, nome e ideias homônimas não combinam.
Ele deixou de tratar do dilema que os romanos vivenciaram há mais de 2000 anos: como deixar Júlio Cesar e seus militares de Primeiro Mundo fora de Roma, tendo na corte senadores e juízes de Quinto Mundo? Não pode ser esquecido que eles fugiram.
No séc XX, em Biafra, e no séc XXI, em Mianmar, os cidadãos enfrentaram dilema similar.
Já os brasileiros enfrentam outro dilema: pensar ou pensar.
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[Divulgado no Estadão online de 9/Abr/2021]
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