terça-feira, 28 de junho de 2022

Ex-ministro indigente

O ex-ministro da Educação, Sr. Abraham Weintraub, manifestou publicamente severas restrições à atuação do Exército Brasileiro na história recente do Brasil. Na condição de pré-candidato ao governo de São Paulo ele fez referência ao período do golpe militar e defendeu a necessidade de desconstruir o “positivismo” do Exército Brasileiro. Ele declarou, ‘in verbis’: “Então, eu acho que a gente tem que chegar o momento do desmascarar quem domina o Exército Brasileiro, como instituição. ...”.

 

Para ser ministro da Educação, o cidadão precisa de notável conhecimento, experiência em gestão educacional, capacidade de articulação e ilibado comportamento. O Sr. Weintraub não foi mau ministro apenas pela falta de quaisquer desses predicados. Em realidade, ao tentar projetar-se como David na luta contra um gigante para obter um cargo eletivo, ele demonstra que, além do déficit em dimensão intelectual, falta-lhe estatura ética. Na sua proverbial indigência humana, ele deve estar pensando “por que não tentar ser eleito, afinal até o excremento é necessário!”

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[Divulgado no portal Metrópolis em 28/Jun/2022]

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segunda-feira, 27 de junho de 2022

Entrevista sobre educação

Revendo antigos arquivos digitais, encontrei um vídeo gravado em 2018, relativo ao trabalho de um grupo de alunas do 9º ano do ensino fundamental, ao qual pertencia minha filha Cecília. O trabalho consistiu em uma série de entrevistas sobre os campos educação, ciência & tecnologia e meio ambiente. A mim coube a entrevista atinente ao tema educação. Com satisfação — e até mesmo nostalgia, uma vez que as integrantes do grupo encontram-se cursando o primeiro ano da universidade — reproduzo a entrevista que concedi para Cecília.

 

 

Cecília. Como tornar a universidade acessível para os estudantes de famílias pobres — sejam eles brancos, negros, índios, homossexuais e outros — mantendo-se o valor do mérito como mecanismo essencial de progresso e evolução?

Aléssio. Cecília, muito obrigado pela oportunidade e pelo privilégio de me dirigir aos seus telespectadores nessa questão fundamental da sociedade brasileira, a educação. Comecemos pelo fim. O mérito é um privilégio da condição humana; e mais, o mérito é uma virtude da condição humana. Então, o acesso às turmas subsequentes e o acesso à universidade deve ser sempre por mérito. As pessoas mais pobres, que estão submetidas a condições educacionais insatisfatórias, precisam receber atenção especial do governo em duas direções. Em primeiro lugar, o governo deve atuar para corrigir as falhas do sistema educacional público; e adequá-lo às mesmas condições das melhores unidades educacionais do setor privado e, também, de umas poucas e diferenciadas unidades do setor público. A outra atitude e ação do governo deve levar em conta que a correção de mazelas do sistema educacional leva muito tempo; e como o problema requer urgência, o governo precisa criar mecanismos de reforço das aulas para os estudantes de famílias desfavorecidas; não importando se brancos ou negros, gays ou não gays, homem ou mulher ou quaisquer outras diferenças. É fundamental que haja essa ação do governo para corrigir e mitigar as falhas existentes.

Cecília. De acordo com a avaliação do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), a educação brasileira ocupa uma das piores posições dentre os países membros ou parceiros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Quais são as três medidas que devem ser adotadas para melhorar a nossa educação?

Aléssio. Preliminarmente, é razoável lembrar que há um percentual, embora pequeno, de escolas brasileiras, cujos estudantes têm um bom desempenho na avaliação do PISA. Para que o Brasil tenha uma melhoria na avaliação do PISA, eu recomendo que o governo e a sociedade atribuam à educação, prioridade máxima, em detrimento dos demais campos da gestão pública; a segunda medida é a valorização dos professores; a terceira medida é a complementação do ensino para os estudantes oriundos de famílias de baixa renda. Essas três medidas são fundamentais, podem ser adotadas e, se adotadas, melhorarão a classificação do Brasil nesse importante mecanismo de avaliação mundial de estudantes.

Cecília. Nos países com elevado nível educacional, os professores são muito valorizados. O que deve ser feito para a valorização dos professores brasileiros?

Aléssio. Precisamos transformar o magistério e a profissão do professor em uma das mais importantes do setor público, no mesmo nível do pessoal que pertence, entre outras instituições, ao Banco Central, ao Supremo Tribunal Federal e ao Congresso Nacional. A segunda ação é a melhoria dos padrões salariais dos professores. O professor tem que ter a consciência de que ele é bem pago e de que ele está entre os melhores funcionários do setor público. Evidentemente, na universidade, a formação do professor tem que ser consentânea com essa condição de importância que a sociedade deve atribuir aos professores. Depois que o profissional ingressa no magistério público, ele precisa de treinamento sucessivo, continuado e periódico, de tal sorte que ele esteja sempre nas melhores condições de transmitir o conhecimento para os seus alunos, bem como tenha inequívoca confiança dos estudantes. Finalmente, eu assevero que o professor não pode entrar em greve. Por óbvio, ele tem o direito expresso em lei para fazer greve. Mas a interrupção das aulas por causa de greve é um grave problema do sistema educacional. Ora, professor valorizado, reconhecido e bem remunerado não precisa entrar em greve para reivindicar seus direitos. É assim que vejo a problemática de valorização dos professores. Enfim, os professores devem ser respeitados, admirados, até porque eles devem estar entre os melhores de cada geração. 

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quarta-feira, 22 de junho de 2022

Impunidade e indigência recorrentes

No Brasil, há questões candentes que aguardam solução completa de parte do Estado e, especialmente, de suas instâncias judiciais. Os cidadãos não podem esperar e aceitar, ad aeternum, a impunidade ou a indigência recorrente. 

Podemos citar cinco fatos que demandam completo esclarecimento: 

– a facada do Adélio no candidato Bolsonaro em 2018; 

– a libertação de corruptos contumazes, com ênfase para o maior de todos, o ex-honesto, ex-corrupto, ex-condenado e ex-presidiário Lula; 

– a incerteza das urnas eletrônicas, sobretudo porque o Tribunal Superior Eleitoral não aceitou a adoção do voto impresso, de tal forma a tornar o processo eleitoral auditável;

– os assassinatos do Dom Philllips e do Bruno Pereira, que incomodavam gente grande da criminalidade, às margens do rio Javari, na fronteira do Brasil com o Peru; e

– a mais emblemática de todas: a prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, sob a acusação de corrupção.

 

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Condenação por abuso sexual de menor

O ator americano Bill Cosby cometeu abuso sexual contra uma menor de idade nos anos 1970 e nesta terça-feira, 21 de junho, foi condenado pelo júri de um processo civil na Califórnia.

 

Passados 50 anos, o Sr. Bill Cosby está prestando contas à sociedade. Essa abordagem precisa ser implantada e adotada no Brasil, com foco sobretudo nos políticos corruptos. No regime democrático, é assim que as coisas devem ser. E mais, o encarceramento deve ocorrer após a condenação em segunda instância. À semelhança dos sistemas judiciais dos países democráticos desenvolvidos, a Suprema Corte corrige falhas jurídicas, mas não altera decisão de instâncias inferiores. É a prevalência da liberdade, da verdade, da ética e, naturalmente, dos interesses maiores da sociedade. 

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[Divulgado no Estadão online de 22/Jun/2022]

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terça-feira, 21 de junho de 2022

Mensalão, Petrolão e Sitião

Os adeptos do lulopetismo mencionam um suposto Plano Lula 3 para o ex-presidiário pré-candidato a presidência da República e propalam que seu sonho é reeditar o desempenho de uma suposta fase denominada Lula 2 e (ou) Dilma 1, em um país que estaria sendo arruinado.

É extremamente fácil contradizer essa aleivosia.

 

O Plano Petrolão 3 é um sonho certo de reeditar o Mensalão 2 e o Sitião 1, com o objetivo de completar o serviço iniciado, mas não concluído da forma eficaz como os adeptos desejavam. Claro, isso é ficção em um planeta de algum multiverso que, não por acaso, tem semelhanças com o país que alguns querem completamente dilapidado. Não conseguirão. A maioria dos brasileiros é composta de cidadãos honestos e trabalhadores.

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[Divulgado na Folha de São Paulo online de 21/Jun/2022]

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Copa do Mundo do Qatar


Estamos a menos de 150 dias do início da Copa do Mundo a ser realizada no Qatar. A seleção brasileira se classificou em primeiro lugar na América do Sul, porém até agora não convenceu. Os exigentes torcedores esperam muito mais da equipe que já foi campeã mundial cinco vezes. O técnico Tite perdeu a Copa do Mundo na Rússia, há quatro anos, e continua com sua forma nada convincente de liderar a equipe canarinha. Em entrevista a jornal inglês, Tite fez propaganda de seus feitos e rebateu críticas que tem recebido.

 

Quando o cabra ganha mais de um milhão por mês (sem contar o salário de integrante da família), exercer o cargo é uma completa maravilha. 

Ganhar essa fortuna e prestar homenagem a Fidel Castro é a total ruína. 

Ganhar a Copa do mundo nessas condições (quer dizer de indigência do bom senso) é absolutamente irrelevante. Então, até um quarto lugar vai ficar de bom tamanho. Outubro, com as eleições presidenciais, e novembro, com a Copa do Mundo, serão cruciais para os próximos 4 anos. Menos de 150 dias nos separam das encruzilhadas.

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[Divulgado na Folha de São Paulo online de 21/Jun/2022]

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sábado, 18 de junho de 2022

Desaparecimento de jornalista e indigenista na Amazônia - II

Em face da ação eficaz e contundente da Polícia Federal (secundada pelas Forças Armadas), o dramático desaparecimento do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira, às margens do rio Javari, na fronteira amazônica do Brasil com o Peru, chega ao esclarecimento se não completo, pelo menos em suas linhas mais gerais. Não há o que comemorar. Há muito a refletir e buscar caminhos que possam prevenir a ocorrência de eventos similares. O estímulo à reflexão lancei-os na forma de comentários na Folha de São Paulo online e no Facebook dos jornais The Guardian, Le Monde e El País.

 

Todas as evidências levam a crer que os dramáticos, lamentáveis e terríveis infortúnios de Dom Phillips e de Bruno Pereira foi ocasionado pelo cartel de drogas estrangeiro. E agora, os intelectuais e formadores de opinião, dentre os quais vários consumidores de drogas, continuarão culpando o governo federal brasileiro pela tragédia? Por que não dão um pio? Por que não saem da sombra da assertividade com que trataram o tema desde seu momento inicial, apontando as responsabilidades do governo federal? Por que não atuam nas fronteiras da boa fé e da virtude de caráter e denunciam as organizações criminosas produtoras do que defendem e (ou) utilizam?

 

Uma quantidade expressiva de interlocutores da Folha de São Paulo demonstrou discordância de minha visão sobre as responsabilidades relativas ao hediondo crime cometido às margens do rio Javari. Entre comentários contrários e ‘concordância’ (‘like’) com estes, o volume surpreendeu. Cabe, pois, desafio à faculdade de pensar.

 

Neste espaço, quase 100 pessoas acabaram de utilizar a liberdade para ignorar a verdade. É difícil imaginar que sejam todos favoráveis à volta do contexto da maior crise moral, social e política da história. A ver! Indagação relevante e pertinente: o que as próximas gerações podem esperar? Uma primeira resposta virá em outubro. Qual será mesmo? Não ofendam. Apenas pensem, reflitam.

 

Uma leitora do The Guardian postou mensagem caracterizando o presidente Bolsonaro como criminoso. É irrelevante responder para ela. Contudo, outros leitores terão acesso à sua aleivosia. Responder para os demais leitores é inequivocamente relevante. A mentira repetida mil vezes torna-se verdade para os incautos; a verdade repetida mil vezes continua verdade ad aeternum para todos os entes humanos.

 

Após a pandemia e a guerra russo-ucraniana, a economia brasileira tem apresentado um dos melhores desempenhos entre as economias da maioria dos países relevantes.

A Amazônia tem a maior floresta do mundo. Alguns países desenvolvidos são os maiores compradores de madeira da Amazônia, obtida e comercializada por criminosos — aliás, dentre todos os últimos governos federais do Brasil o governo Bolsonaro foi o que apreendeu a maior quantidade de madeira explorada criminalmente na Amazônia. 

Uma quantidade significativa de drogas produzidas no Peru, Colômbia e Bolívia é transportada pela Amazônia. Cidadãos de países desenvolvidos são os maiores compradores de drogas transportadas pela Amazônia — aliás, o atual governo federal brasileiro apreendeu toneladas de drogas naquela região (uma quantidade significativamente maior do que os governos brasileiros anteriores). 

Prezada cidadã, eu não a conheço, mas afirmo duas coisas.

A primeira: o atual governo brasileiro age contra os sórdidos, ocultos e hediondos interesses existentes no Brasil e em outros países.

A segunda: o ser humano precisa defender a liberdade, praticar a verdade, exercitar a coragem e, sobretudo, prezar a ética. Então, aja dessa maneira e seu coração e mente estarão em paz e harmonia.

 

 

All evidence suggests that the terrible misfortune of British journalist Dom Phillips and Brazilian indigenist Bruno Pereira was caused by the foreign drug cartel. And now, will intellectuals and opinion makers, including several drug users, continue to blame the Brazilian federal government for the tragedy? Why don't they make a peep? Why don't they come out of the shadow of bad faith and sordid character and denounce the criminal organizations that produce what they defend and use?

 

After the pandemic and the Russo-Ukrainian war, the Brazilian economy demonstrates one of the best performances in the world.

The Amazon has the largest forest in the world. A significant number of drugs produced in Peru, Colombia and Bolivia are transported through the Amazon. Some developed countries are the biggest buyers of timber from the Amazon, obtained by criminals — by the way, the current Brazilian federal government has already seized the largest amount of timber criminally exploited in the Amazon. 

Citizens of developed countries are the biggest buyers of drugs transported through the Amazon — by the way, the current Brazilian federal government has seized tons of drugs in that region (a significantly higher amount than previous Brazilian governments)

I don't know you, dear citizen, but I say two things.

The first: the current Brazilian government is going against the sordid, hidden and hideous interests that prevail in Brazil and in other countries.

The second: human beings need to defend freedom, practice the truth, exercise courage and, above all, cherish ethics. Do this and your heart and mind will be at peace and harmony.

 

 

Toutes les preuves suggèrent que le terrible malheur du journaliste britannique Dom Phillips et de l'indigéniste brésilien Bruno Pereira a été causé par le cartel étranger de la drogue. Et maintenant, les intellectuels et les faiseurs d'opinion, dont plusieurs toxicomanes, continueront-ils à blâmer le gouvernement fédéral brésilien pour la tragédie ? Pourquoi ne font-ils pas un clin d'œil ? Pourquoi ne sortent-ils pas de l'ombre de la mauvaise foi et du caractère sordide et dénoncent-ils les organisations criminelles qui produisent ce qu'ils défendent et utilisent ?

 

 

Toda la evidencia sugiere que la terrible desgracia del periodista británico Dom Phillips y el indigenista brasileño Bruno Pereira fue causada por el cartel extranjero de la droga. Y ahora, ¿seguirán los intelectuales y formadores de opinión, incluidos varios usuarios de drogas, culpando al gobierno federal brasileño por la tragedia? ¿Por qué no hacen un pío? ¿Por qué no salen de la sombra de la mala fe y la sordidez y denuncian las organizaciones criminales que producen lo que defienden y utilizan?

 

 

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[Divulgado na Folha de São Paulo online de 18/04/2022]

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[Divulgado no Facebook do jornal The Guardian em 18/04/2022]

 

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[Divulgado no Facebook do jornal Le Monde em 18/04/2022]

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[Divulgado no Facebook do jornal El País em 18/04/2022]

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sexta-feira, 17 de junho de 2022

Perder e aprender, eis a questão

Em discurso para adeptos em Maceió (AL), o ex-presidente Lula afirmou que o presidente Bolsonaro “vai ter que aprender a perder” e acrescentou "Ele vai ter que aprender que a democracia é maior do que ele. Ele vai ter que aprender que a vontade do povo brasileiro é maior do que a vontade das pessoas que estão com ele. Ele vai ter que aprender a perder."

É claro que o Lula sabe o que está falando. Ela já aprendeu a perder. Ele perdeu o triplex no Guarujá e o sítio em Atibaia. Ele já perdeu a vergonha, ao passar mais de 500 dias na cadeia por ter sido acusado de corrupção e porque houve provas robustas de sua responsabilidade nos malfeitos. 

Porém, como ex-honesto, ex-corrupto, ex-condenado e ex-presidiário, ele tem muito a aprender.

 

Com a derrota nas próximas eleições, o ex-presidente Lula vai aprender a agir de forma honesta, vai aprender a falar a verdade, vai aprender a respeitar os eleitores de baixa renda e jamais propalar que basta dar-lhes 10 reais, vai aprender a viver em moradia modesta e com um pequeno quintal em lugar de chácara. Bom, isso é ficção! Alguém como ele jamais aprende a viver segundo o viés da decência e da boa fé.

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[Divulgado na Folha de São Paulo online de 23/Jun/2022]

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China — Riscos e desafios - II

VER TAMBÉM

China – Riscos e desafios - I

Com grande ostentação, nesta sexta-feira, 17 de junho de 2022, a China lançou ao mar o seu primeiro super porta-aviões, o Fujian. Trata-se da belonave mais poderosa já construída fora dos Estados Unidos. O regime comunista chinês está mostrando suas garras, numa clara demonstração de força diante da dramaticidade da guerra russo-ucraniana e no âmbito do que está sendo denominada a Guerra Fria 2.0. É o terceiro porta-aviões chinês colocado à disposição de suas forças armadas e o primeiro de categoria similar à dos gigantes americanos.

Os Estados Unidos dispõem de 11 porta-aviões e agora estão secundados pela China, que planeja lançar o quarto em breve, sendo que há indicações de que este disporá de propulsão nuclear.

Os seguintes aspectos estratégicos que compõem o pano de fundo dessa nova Guerra Fria adquirem relevância nesta conjuntura:

– Pequim projeta uma frota com mais de 5 porta-aviões para fazer face à prioridade de dominar seu entorno estratégico imediato como o estreito de Taiwan e o mar do Sul da China;

– em contraposição ao Ocidente que aplica severas sanções contra Moscou por causa da invasão da Ucrânia, a China ofereceu decisivo apoio ao governo de Wladimir Putin;

– diante da assertividade chinesa, os Estados Unidos ativaram uma rede de aliados no Indo-Pacífico, o que de certa forma estimulou a China a acelerar seu programa de expansão e modernização de suas forças armadas, aí incluído o desenvolvimento dos mísseis hipersônicos — a grande opção militar atual, notadamente dos Estados Unidos, Rússia e da própria China;

– dentre os países fabricantes de porta-aviões, a China já ocupa lugar de destaque:

 

     País            Quantidade      Tonelagem      Aeronaves

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     Estados Unidos     11             100 mil      80

     China                      3               59 mil      30

     Rússia                     2               58 mil      30

     Reino Unido           2               65 mil      40

     Índia                        1               45 mil      30

     França                     1               42 mil      40

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     Fonte: Jane’s Magazine.

 

Nesse contexto, urge recordar ações chinesas antecedentes que permitem avaliar os riscos e desafios atinentes à interação com a cultura chinesa.

Na década de 1930, a China enviou Qia Xuesen para os Estados Unidos, com o objetivo de fazer mestrado e doutorado. Após o doutorado, Xuesen permaneceu trabalhando nos Estados Unidos e foi um dos proponentes do primeiro laboratório de jato propulsão do mundo — o Jet Propulsion Lab (JPL). Em 1945, ao final da Segunda Guerra Mundial e em face de seu reconhecido talento, Xuesen foi comissionado coronel do Exército americano, para entrevistar os cientistas nazistas. Ele foi pego transmitindo o conhecimento auferido para a China e, em consequência, perdeu o posto militar e foi preso. Em 1953, ao término da Guerra da Coreia, foi libertado em troca de prisioneiros entres americanos e chineses. Xuesen retornou para a China, tornou-se diretor de uma das principais organizações de Pesquisa & Desenvolvimento e Ciência & Tecnologia chinesa. Dessa forma, ele liderou a implantação do programa espacial chinês e do programa de desenvolvimento de mísseis intercontinentais, dentre os quais umas duas centenas estão apontados para os Estados Unidos.

Em 1949, após a vitória da Revolução Chinesa, Mao Tse Tung se dirigiu a Moscou para interagir com Stalin e acertar a cooperação russo-chinesa subsequente. Os acordos foram amplos e abrangiam, entre outros, os campos político, científico-tecnológico e militar. Em face do lançamento das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, no próximo Japão, aos chineses interessavam o desenvolvimento nuclear. Por essa razão, um dos pontos do acordo militar envolvia a produção de bomba atômica. Mao obteve de Stalin a promessa de fornecimento de uma bomba de urânio para explosão experimental e obtenção imediata de dados que poderiam levar até uma década de estudos convencionais. Em 1958, Krushev foi a Pequim e diante da cobrança do fornecimento do artefato nuclear, negou-se a cumprir o acordo. Então, os chineses riram. Eles empreenderam um projeto nuclear paralelo secreto, com efetividade potencializada pela interação com os russos. Em consequência, os chineses obtiveram sua bomba atômica de fissão (com urânio ou plutônio) e, em seguida, obtiveram a bomba de fusão (com hidrogênio) — centenas de vezes mais potente do que a de fissão. Enfatize-se que dentre os países que detém esses dois tipos de artefatos nucleares — Estados Unidos, antiga URSS, França, Inglaterra e China — os chineses levaram menos tempo para passar da bomba de plutônio (ou urânio) para a de hidrogênio.

Os dados atuais relativos à evolução econômica (em que se constata que a economia chinesa está próxima da dimensão da economia americana) e ao desenvolvimento de tecnologia militar e ampliação do poder bélico, associados com os alicerces de conduta estratégica do passado, conferem à China uma condição privilegiada para o exercício de liderança regional ou mundial. Ademais, a interação com os chineses se constitui em desafio e mesmo risco, especialmente, pela consciência de grandeza que norteia as abordagens e empreendimentos políticos e estratégicos chineses.

A China encontra no Brasil ambiente e materialização de suas demandas básicas, que podem ser sintetizadas em base territorial (por meio da compra de propriedades), a demanda por alimentos (absolutamente requeridos por uma bilionária população) e a consequente necessidade de infraestrutura (para a satisfação das necessidades prementes).

Nesse contexto, a concessão por parte de governadores de Estado de vantagens para os chineses, especialmente nos três campos mais relevantes (alimentos, propriedades rurais e infraestrutura) revelam atitude e abordagem plena de desqualificação estratégica e ignorância no sentido de que as autoridades brasileiras devem estar atentas e agirem no sentido de preservar os elevados interesses brasileiros em qualquer interação, associação ou negociação com os chineses.

 

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segunda-feira, 13 de junho de 2022

Responsabilidades sobre o desaparecimento de jornalista e indigenista

No que concerne ao desaparecimento do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, no artigo “Dom Phillips e Bruno Pereira escancaram uma Amazônia sem preservação nem soberania”, um colunista da Folha de São Paulo atribuiu ao governo Federal as responsabilidades pelo dramático desaparecimento desses dois cidadãos, às margens do rio Javari, na fronteira do Brasil com o Peru.

Em face de atividades criminosas como o tráfico de drogas e exploração ilegal de riquezas, dúvida não há de que transitar naquela região, sem os devidos cuidados de segurança, constitui-se em desafio pleno de risco. Então, afora a falta de bom senso e prudência dos envolvidos, outros aspectos devem ser considerados, especialmente, diante da indigente avaliação apresentada pelo jornalista. 

 

São Paulo tem uma área geográfica cerca de 10 vezes menor do que a área da Amazônia. São Paulo tem uma população maior do que a população amazônica (somente em relação ao Estado do Amazonas, a população paulista é 6 vezes maior). São Paulo tem forças de segurança cerca de 10 vezes maior do que a Amazônia e tem crimes de assassinato da ordem de 10 vezes maiores do que aquela região.

Será que a Folha não poderia contratar um articulista alfabetizado e que saiba fazer as 4 operações aritméticas para analisar as questões que demandam qualificação educacional mínima, faculdade de pensar, e estatura moral e ética?

 

Interlocutores discordaram dessa assertiva sob a alegação de que não há as alegadas razões aritméticas, bem como as de conhecimento geral.

 

Ser contra o governo é democrático. Utilizar argumentos absurdos para criticá-lo, ainda mais sendo formado na USP, é envergonhar um grande patrimônio acadêmico. Individualmente, que assim o seja, basta ignorá-lo. O que conspurca o Brasil das próximas gerações é a quantidade de cidadãos que defendem e apoiam esse estado de coisas. Ainda bem que a maioria governa e contribui para que evoluamos para melhor. O choro e o inconformismo são livres. De toda sorte, a liberdade e a verdade prevalecem sempre.

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[Divulgado na Folha de São Paulo online de 13/Jun/2022]

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domingo, 12 de junho de 2022

Os ‘dois Brasil’ e a dianteira de Lula


A mídia e os formadores de opinião prosseguem em sua sanha de colocar em primeiro lugar nas pesquisas de opinião um caboclo que não pode sair às ruas, ir a restaurante e caminhar em aeroporto, pelo fato de que é vaiado e escorraçado. 

Ademais, tentam paralelamente caracterizar o governo atual como contrário e perseguidor das camadas mais desfavorecidas da sociedade. O que está realmente ocorrendo no Brasil na área social em face da atual conjuntura impactada pela pandemia do coronavírus e pela guerra russo-ucraniana, sobretudo nas questões econômicas em geral e energéticas em particular?

Há quem resista em admitir o eficaz trabalho do governo nas medidas que beneficiam a área social.

 

O governo atual ofereceu 600 reais por mês, durante 4 meses para cerca de 60 milhões de pessoas e concedeu dezenas de bilhões para estados e municípios apoiarem a população durante a terrível pandemia; a despeito dos contrários, adquiriu vacina do coronavírus para a maioria dos brasileiros; concedeu o Auxílio Brasil, dobrando o Bolsa Família para mais de 20 milhões de pessoas; e apoiou quilombolas, indígenas e ciganos, como jamais fora feito antes. Tem gente que não enxerga, não pensa e falsifica a realidade.

 

No atinente aos inconformados com as perspectivas que o horizonte oferece, convém lembrar-lhes as mazelas do passado recente.

 

De fato, frase perfeita para quem prefere: os 300 milhões delatados pelo Palocci; os 290 milhões devolvidos pelo Barusco; os 6 bilhões que a Justiça obrigou as empreiteiras devolverem; o sítio e o Apto que, também, segundo o Palocci, o cabra recebeu; o cabra ex-presidiário, o governador os ex-presidente e ex-tesoureiros de partido em liberdade. Responda sábio, honesto e decente (sic)!

 

Adicionalmente, convém avaliar o que ocorrerá por ocasião das decisivas eleições presidenciais do corrente ano para as futuras gerações.

 

Quando outubro chegar, os intelectuais e formadores de opinião apoiadores e defensores da corrupção, da liberdade de integrantes de organizações criminosas, de magistrados que envergonham os cidadãos a quem deveriam conceder justiça e proteção, do apoio a ditaduras hediondas e da utilização das estatais para enriquecimento próprio, ... esses terão que dar explicações para a atuação dos cidadãos honestos e trabalhadores, cuja opção e vocação serão pela decência e boa fé.

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[Divulgado na Folha de São Paulo online de 12/jun/2022]

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sábado, 11 de junho de 2022

STF versus governo Federal e os desaparecidos na Amazônia


Em face do desaparecimento do jornalista britânico Dom Phillips, do The Guardian, e do indigenista Bruno Pereira, ex-integrante da Funai, às margens do rio Javari, na fronteira do Brasil com o Peru — e no âmbito de mais de uma centena de decisões do STF contra o governo federal nos últimos três anos —, o ministro Luís Roberto Barroso, concedeu cinco dias de prazo para que o presidente Bolsonaro informe à Suprema Corte as providências relativas à localização dos dois profissionais.

 

Nesse contexto, o governo Federal deveria estabelecer o prazo de 5 dias para integrantes do STF explicarem as razões das seguintes aleivosias por eles cometidas: 

– defesa de um criminoso condenado em país democrático por assassinatos; 

– difamação de instituições brasileiras em simpósio no exterior; 

– ofensa às Forças Armadas brasileiras em evento em Universidade alemã; 

– impossibilidade de agirem como magistrados das Supremas Cortes de países democráticos desenvolvidos; e 

– vergonha causada aos cidadãos por quem lhes deveria prover Justiça.

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[Divulgado na Folha de São Paulo online de 10/Jun/2022]

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Problemas brasileiros cruciais

Diante da análise cuidadosa da atual conjuntura, formulada por um fraterno companheiro, com ênfase para as notícias eivadas de falsidade ou ...