quarta-feira, 8 de junho de 2022

Desaparecimento de jornalista e indigenista na Amazônia

Dom Phillips e o Brasil

 

A propósito do lamentável desaparecimento — e que logo possam ser encontrados — do jornalista britânico Dom Phillips, do jornal The Guardian, e do indigenista Bruno Pereira, da Funai, às margens do rio Javari, na fronteira amazonense do Brasil e Peru, apresento o testemunho de uma entrevista concedida, por telefone, para Dom Phillips e seu irmão Tom Phillips, no início de outubro de 2018. 

Preliminarmente, devo recordar que o jornal britânico The Guardian, de esquerda, não raro, apresentava (e continua apresentando) matérias com severas críticas aos liberais e conservadores brasileiros. Dessarte, quando do surgimento da candidatura Bolsonaro, os artigos daquele jornal britânico eram contrários a essa candidatura, até porque, em vários artigos anteriores, os jornalistas Phillips ouviam majoritariamente a fina e distópica flor do esquerdismo brasileiro — Caetano Veloso, Camila Pitanga, Gilberto Gil, Fernando Meirelles, Milton Hatoum, Antônia Pellegrino e Guilherme Boulos.

Sabia que, ao aceitar o convite para a entrevista, teria o desafio de me meter em ninho que ninguém com a virtude da prudência deva se arriscar. Mas por que deixar que só eles falassem? 

Curiosamente, minhas asserções, inequivocamente favoráveis à candidatura que tinha a meta de retirar os esquerdistas do comando do Brasil, foram reproduzidas com razoável fidelidade (enfatize-se: aproveitaram menos de 20% do que lhes declarei). Eventuais modificações do que foi transmitido não eliminaram a ideia central de cada resposta, no âmbito de dois artigos distintos, um publicado na véspera do 1º turno e o outro logo após a vitória no 2º turno, das eleições de 2018.

De cada artigo, reproduzo o título, a frase motivadora, os autores, a data, e os trechos em que sou citado. 

 

Extratos dos artigos

 

 

Eleições brasileiras: perspectiva de vitória de Bolsonaro alimenta temores de retorno à ditadura

Ex-paraquedista que se compara a Trump lidera as pesquisas das eleições de domingo.

Tom Phillips e Dom Phillips, do Rio de Janeiro — 5/Out/2018

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O general da reserva Aléssio Ribeiro Souto, um membro do time de campanha dominado pelos militares, do candidato Bolsonaro, descartou o que chamou de “narrativas” falsas que pintam seu candidato como antidemocrático.

“Ele não é uma ameaça à democracia”, disse Ribeiro Souto ao Guardian. “Se for eleito – e acho que será o vencedor – será uma força para que o Brasil, como maior país da América do Sul, se consolide como uma das maiores democracias do mundo.”

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Como será o governo Bolsonaro?

Bolsonaro prometeu políticas para impulsionar a economia, mas os temores permanecem sobre o futuro da Amazônia e da comunidade LGBT do país 

Dom Phillips, do Rio de Janeiro — 29/Out/2018

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Entre os militares da reserva que tiveram papel central na elaboração de suas propostas políticas estão os generais aposentados Aléssio Ribeiro Souto — que tem foco em ciência, tecnologia e educação — e Oswaldo Ferreira, que elaborou planos de infraestrutura e da Amazônia.

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Educação

Ribeiro Souto disse que sob um governo Bolsonaro, os currículos escolares poderiam ser revistos para remover o que ele descreveu como a “ideologia” deixada por 12 anos de governo do Partido dos Trabalhadores, de esquerda. A ciência e a tecnologia terão prioridade e a “família tradicional” será o foco, disse ele.

“É preciso valorizar a família tradicional sem abandonar aqueles cidadãos que não se enquadrem nos padrões da família tradicional”, disse.

Souto disse que a história do contragolpe militar brasileiro de 1964-1985 — durante a qual 400 ativistas de esquerda foram mortos ou desapareceram, e milhares se declararam torturados [muitos eram orientados pelas lideranças a declarar que tinham sido torturados, não importando quão verdadeira ou falsa fosse a declaração] — foi um “processo complexo e muito traumático”.

Mas ele argumentou que a história ensinada nas escolas deve reconhecer o que ele chamou de sucessos econômicos e instituições criadas durante a ditadura e mostrar os dois lados da história, disse ele, incluindo cerca de 120 vítimas de grupos armados de esquerda.

“Havia brasileiros lutando pela implantação da ditadura do proletariado. Havia brasileiros que lutavam contra a sua implementação”, disse.

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Nota esclarecedora 

Por imperioso compromisso com a verdade, passados mais de três anos de mandato do atual governo, devo asseverar que nenhum dos ministros da Educação aproveitou as ideias produzidas por qualificada equipe de educadores — incluindo vários professores doutores, com experiência no ramo, que trabalharam durante a campanha das eleições de 2018, para oferecer para o futuro gestor educacional propostas adequadas, realistas e, especialmente, associadas à ideia de que a Educação deve se constituir na prioridade máxima entre todas as prioridades de qualquer governo, em detrimento, se necessário, dos demais campos da gestão pública.

É a única forma de transformação para qualquer país, cuja sociedade aspire o desenvolvimento num prazo, digamos, de meio século. 

Essa visão amplamente defendida pela maioria dotada da faculdade de pensar, assegurou a transformação, para não dizer revolução, da Finlândia, Polônia, Coreia do Sul, Formosa, Japão, Cingapura, Israel, China e, atualmente, até de Ruanda — cada um com suas idiossincrasias tão diferenciadas, conectadas pela citada prioridade em Educação.

Este esclarecimento não retira nem obscurece os extraordinários êxitos do governo Bolsonaro, dentre os quais, podem ser citados:

– combate à corrupção;

– obras de infraestrutura (ferrovias, rodovias, portos, aeroportos e água para o Nordeste);

– potencialização da bem sucedida Agricultura;

– apoio às comunidades de baixa renda por ocasião da terrível pandemia do coronavírus;

– particular apoio (tão pouco divulgado) às comunidades quilombolas, ciganas e indígenas (estes com maciça vacinação dos maiores de 18 anos, já em agosto de 2021);

– gestão econômica com resultados surpreendentes no período pós pandemia (na comparação inclusive com os países mais desenvolvidos);

– combate às distopias de magistrados de egrégias e altas Cortes de Justiça;

– afastamento de ditaduras hediondas; e

– reafirmação de valores, crenças e consequentes objetivos da nacionalidade. 

 

Conclusão

À guisa de inferência, posso asseverar que os jornalistas cumpriram seus compromissos de publicar minhas declarações com veracidade. Porém, no âmbito de uma sequência expressiva de argumentos contrários àqueles que, em minha visão, interessam ao Brasil. 

Diria que outra inferência é que minha inclusão na matéria serviu para passar aos leitores a impressão de que os dois lados envolvidos nas eleições brasileiras foram ouvidos. Aí, fica configurada uma irresponsabilidade típica dos esquerdistas — ou simplesmente usam inverdades e trapaceiam na apresentação de seus argumentos ou tentam fingir equilíbrio, neutralidade e correção para atingir o mesmo objetivo.

No atinente ao desaparecimento dos dois profissionais, fico na torcida de que sejam encontrados vivos e retornem para o mundo civilizado com uma enorme experiência do solo amazônico. 

Solo inesquecível que palmilhei por cerca de 4 anos, aí incluídos dezenas de dias passados, realizando obras, na década de 1980, nos Pelotões de Fronteira de Palmeiras e Estirão do Equador, às margens do rio Javari. Em Palmeiras, comi carne de jacaré pela primeira vez, porque a aeronave mensal da FAB, que levava alimentos falhou e, nesse caso, só iria no mês seguinte; e como houve coincidência com a época não piscosa do rio, a saída era caçar e se alimentar de jacaré, por vezes, durante uma semana inteira. 

Por um capricho do destino, foi às margens do rio Javari que ocorreu o  dramático e infausto desaparecimento de Dom Phillips e Bruno Pereira. Reafirmo: oxalá sejam eles encontrados!




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