A querida filha Alessandra pediu que eu assistisse ao filme “Um Golpe do Destino” e contribuísse com uma parcela de respostas a questões colocadas pela professora de Psicologia, na Faculdade de Medicina. Minha participação corresponderia a cerca de 40% do trabalho e consistiria em formular as respostas para quatro indagações atinentes ao tema em tela.
O filme é centrado nas atividades de um cirurgião e de sua ‘entourage’. Ele se inicia com cirurgia e por diversas vezes apresenta o médico vivenciando as complexidades do processo cirúrgico. Paralelamente, o médico é colocado na condição de paciente, com risco de vida. O time é magnífico, denso, desafiador e coloca o espectador em estado de tensão, entremeado de momentos de emoção em estado puro.
Essa modesta e providencial contribuição para Alessandra, em seu primeiro semestre como acadêmica de Medicina, é apresentada a seguir. Tomara que minha visão sobre essa película — que, do princípio ao fim, trata dos desafios e riscos enfrentados por médicos no exercício da profissão e nas polêmicas da convivência pessoal — seja eficaz e útil.
1. Momento mais marcante do filme
A dança entre o Dr. Jack MacKee e June Ellis, à beira do lago. Dançar naquela circunstância era viver, em um contexto em que ambos estavam sob o risco provável de morrer.
2. Cena em ocorre a arrogância mais marcante
A desconsideração do Dr. MacKee para com um religioso e um paciente, na sala de operação. Era um momento, no qual o primeiro transmitia para o segundo a esperança, bem como a possibilidade de salvação divina. O médico poderia despir-se de sua arrogância, usar cordialidade e elegância, e aguardar algo como pouquíssimos minutos para que o diálogo ao menos se encerrasse.
3. Cena em que ocorre humildade imprescindível
O Dr. MacKee, recém-operado e sem poder falar, escreve na prancheta que precisa de sua esposa Anne ("Need you") — por atitudes do marido, ela sempre foi mantida à distância — e acrescenta um pedido de desculpas ("Sorry"). Ele deixou sua suposta grandeza de lado e, com humildade, repetiu as declarações de forma recorrente.
4. A diferença entre o médico paciente e um paciente comum
De um certo ponto de vista, o médico paciente é diferente do paciente comum, pois o primeiro toma consciência quase imediatamente dos riscos e ameaças que uma doença grave representa; e, adicionalmente, o que ele observa em relação a seus próprios pacientes é potencializado em seu pensamento.
De outro ponto de vista, o médico paciente é, antes de tudo, um ser humano e, em um certo sentido, sua reação não se desvincula inteiramente das virtudes e mazelas da condição humana, isto é, o médico paciente, não raro, reage também como paciente comum
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