quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Eu choro


Recebi de um colega da turma Marechal Mascarenhas de Moraes (AMAN, 1972). O conteúdo justifica a razão pela qual chamamos os colegas de turma de irmãos!

Trata-se da mensagem de um Aspirante da AMAN, da turma de 2016 (devo tentar obter o nome para dar o devido crédito). 

Por óbvio, possibilita a renovação de nossos corações e, também, da mente dos verdadeiros soldados.

 

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Eu choro. O choro é de alegria. O soluço, de emoção. 

Foram 5 anos da minha juventude dos quais eu abri mão para poder fazer aquilo que sempre foi meu sonho. Para fazer aquilo que nasci prá fazer. Tudo isso porque era o que eu sempre quis. 

Abri mão do conforto da minha casa, da companhia daqueles que mais amo e entreguei minha juventude. 

Não tive festas durante a semana com os amigos. Não tive finais de semana em família. Não tive 10 minutos a mais na cama. 

Tudo isso para poder ter uma profissão que a maioria não entende. Uma profissão a qual era a única que eu poderia seguir. 

"— Você vai prá lá pra que? Prá sofrer?"

Não sei. Mas vou, principalmente, porque é meu destino. 

"— E o que você aprendeu depois desses 5 anos?"

Aprendi o que é fome, aprendi o que é frio, aprendi o que é dor. Descobri quanto vale exatos 5 minutos de sono e um pedaço a mais de carne. 

Entendi que nada cai do céu a não ser chuva. Que banho quente é luxo, que a coletividade não é fácil. Aprendi que tudo tem um preço e que normalmente as coisas não são baratas. 

Aprendi o que é saudade e que ela dói. Descobri que grandes homens também choram e que mochilas são pesadas. Aprendi que prá uma boa noite de sono, não preciso de coberta nem de travesseiro. Aprendi que eu sempre tive tudo demais. 

"— E você realmente acha que isso valeu a pena?"

Claro! Porque também aprendi que família não é só a de sangue. Que eu tinha irmãos que não conhecia. Que alguns eram negros, outros ruivos, índios e até estrangeiros. 

Descobri que sempre tem alguém melhor do que eu em tudo; e que existe um lugar em que o rico e pobre são iguais. 

Aprendi que se eu cair, alguém me levanta. Aprendi que se eu chamar, alguém me responde. Que se me faltar comida alguém dividirá sua marmita comigo. 

Aprendi que não importa o nome que uma pessoa dá para Deus. 

Que não importa de onde você veio. Aprendi que se eu quiser, eu posso, e se eu posso eu faço. Aprendi que o cara do meu lado me respeita e que eu lhe devo o mesmo respeito. 

Aprendi também que ando grandes distâncias e que não preciso mais do que 3 horas de sono por dia. Aprendi que consigo carregar peso por horas. 

Aprendi que a saudade fortalece. Aprendi a dividir, a dar, errar e assumir o que faço. Aprendi a não mentir. Aprendi a ser responsável e o valor de uma amizade verdadeira. 

Aprendi a dizer "— Sim, Senhor!", quando não queria. Aprendi a cumprir ordens. 

"— E porque hoje você chora?"

Porque tudo isso tinha um propósito, e hoje ele se cumpriu. Eu sempre quis mostrar prá mim mesmo que eu podia. Eu sempre quis mostrar prá minha família quem eu era. 

Mas hoje, principalmente, eu choro porque ouvi o que mais batalhei prá escutar:

"— ESTAMOS ORGULHOSOS DE VOCÊ!".


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