Encontrei um velho amigo e indaguei-lhe o provável resultado das eleições presidenciais de outubro de 2022. Sem pestanejar, ele respondeu que o ex-presidente Lula ganharia. Debatemos durante uma boa meia hora e permanecemos distante de consenso.
Ao chegar em casa, redigi e enviei-lhe a mensagem transcrita a seguir.
Registro-a para análise no início de novembro, após o resultado do pleito presidencial.
Bsb, 8/Jul/2022
Caro amigo ... ,
Em relação a nossa conversa, devo acrescentar o que se segue.
Meu velho pai — garimpeiro, mateiro, lavrador seminalfabeto; e depois pequeno comerciante, tabelião do registro civil, juiz de paz, presidente do PSD, em Rochedo — dizia que política é igual a colheita.
Sobre colheita, ele dizia que ela depende dos seguintes fatores:
- qualidade da terra;
- qualidade das sementes;
- intensidade da chuva;
- qualificação do agricultor;
- fatores adversos (enchente, queimada, tempestades intensas etc).
Segundo ele, a mudança expressiva de um único fator, ou o conjunto de mudanças de alguns fatores, tinha o potencial de mudança no resultado da colheita.
Podemos ilustrar da seguinte forma: suponha que cada fator que influi na colheita tenha um valor equivalente a 20%, então, a mudança completa de um único fator poderia impactar o resultado, de 100% para 80%, o que não chega a ser uma mudança muito expressiva, mas ainda assim surpreendente.
Alinhando-se os cinco fatores principais da política, o raciocínio da colheita é igualmente similar; e os resultados da política podem ser impactados por mudanças, da mesma forma como ocorre na colheita.
O que meu velho pai não sabia (e nem poderia saber pois em sua época nada se sabia sobre fractais e caos) é que depois dos avanços da matemática, com a teoria dos fractais e a teoria do caos, descobriu-se que a mudança de único fator — no âmbito de um conjunto de fatores que impacta uma dada realidade — pode causar uma mudança explosiva nos resultados.
Tomando-se os números da colheita, a mudança completa de um dado fator (estimado em 20%) poderia levar a uma alteração superior a 80% no respectivo resultado; ou seja, de 100% passaríamos para 20%, o que significa malogro completo da expectativa inicial.
Ao se adotar a comparação inicial de meu velho pai, aduzindo-se as novas descobertas, constata-se que uma simples mudança de algum fator relevante da política comprometeria totalmente as previsões de políticos, de cientistas e demais especialistas em política.
Imagine então o seguinte conjunto de fatos da política:
- os 290 milhões que o Barusco devolveu porque a origem desse montante que estava em sua conta na Europa era a corrupção do governo petista;
- os 300 milhões, o tríplex e o sítio que o Palocci declarou para a Justiça que o Lula teria recebido da Odebrecht para ter uma vida tranquila depois que saísse da presidência;
- os bilhões que a Justiça Federal determinou que fossem devolvidos para os cofres públicos porque foram levados para os destinatários criminosos por interações com a corrupção política petista;
- os três estados nordestinos que possuem os menores IDH dentre os estados brasileiros, a despeito de declaração de que o lulopetismo fez muito pelo Nordeste (eis aí a irrefutável prova da falsidade, da mentira e da sordidez do lulopetismo!);
- as centenas de bilhões do povo brasileiro entregues para Cuba, Venezuela, Bolívia e outras ditaduras africanas (dívidas que não estão sendo pagas e estão portanto sendo bancadas pelo povo brasileiro);
- a centena de milhões que o filho do Lula cuidador de zoológico recebeu para montar sua empresa (à guisa de comparação: (i) um filho do presidente atual comprou uma casa de seis milhões, comparável à minha casa, porém ele ganha muito mais do que eu; (ii) os filhos do presidente atual estudaram, concluíram curso superior e foram eleitos pelo povo com votações que estão entre as maiores já recebidas por parlamentares brasileiros);
- os recursos públicos pagos desnecessariamente para os veículos de imprensa com o objetivo de obter apoio para o governo — como houve a interrupção desse desperdício de bens públicos, as organizações de mídia (com ênfase para Globo, Estadão e Folha de São Paulo) se tornaram os maiores opositores do governo atual;
- os petistas condenados por corrupção (presidente da República, presidente da Câmara, ministro da Casa Civil, presidente do PT, três tesoureiros do PT, presidente do Banco do Brasil, vice-presidente da CEF, empresários beneficiados pelo governo do PT e outros — lembrando que a caracterização de todos os condenados encherias algumas laudas);
- a condenação do ex-presidente Lula, por um juiz federal de Curitiba e a respectiva confirmação da sentença por 3 desembargadores do TRF-4 de Porto Alegre e por 5 ministros do STJ de Brasília, bem como a libertação hedionda, sórdida e incompreensível pela ínfima egrégia Suprema Corte;
- a nomeação de ministros da Suprema Corte em completo desacordo com os mandamentos constitucionais de ilibada conduta e notório saber jurídico (como ocorre nas seguintes democracias: Estados Unidos, França, Alemanha e Reino Unido);
- a morte do Celso Daniel; e
- a delação do Marcos Valério vazada para a imprensa recentemente.
Pois bem, retornando para a comparação da política com a colheita, eu asseveraria que, para haver uma mudança radical na política brasileira em outubro, seria necessária a mudança de um dos seguintes fatores:
(i) por ação judicial, por resultado do bom senso, da lógica ou da razão ou, simplesmente, por milagre, a realidade inquestionável, plena de ações criminosas, envolvendo as administrações do Partido dos Trabalhadores e descrita em vermelho, mostra-se completamente falsa; ou
(ii) por intermédio de provas documentais inquestionáveis, comprovar-se-ia que o governo atual possui pelo menos5% de fatos, circunstâncias ou eventos tão indecentes, sórdidos e hediondos, comparáveis aos das administrações petistas (‘pelo menos’, neste caso, significa ‘no mínimo’) — enfatize-se que, até agora, nenhuma acusação dentre tantas que os opositores canalhas apresentaram contra o governo Bolsonaro foram comprovadas nas instâncias judiciais.
É de suma importância ressaltar que, se algum crime for cometido — não importa de onde venha, não importa a facção política do autor, não importa de quem filho seja, não importa qualquer outra circunstância — deve valer a seguinte abordagem:
- acusação nos termos da lei vigente;
- investigação nos termos da lei vigente;
- processo pela instância judicial devida;
- condenação em caso de comprovado o crime;
- se ocupante de cargo público (eletivo ou não), com a caracterização de prejuízo para a sociedade, a pena deve ser acrescida de um terço;
- encarceramento após o resultado condenatório em 2ª instância (sem direito a visita íntima; sem direito a saídas em ocasiões especiais; sem a possibilidade de redução do tempo de cumprimento da pena; e com as visitas previstas em lei, sem contato físico, isto é, o visitante deve falar com o preso, devidamente separado por uma parede de vidro).
Tudo nos termos das leis vigentes (alteradas se for necessário).
É bom lembrar que há democracias consagradas em que o sistema judicial funciona da maneira sugerida.
É imperioso lembrar que nas ditaduras — aí incluídas o socialismo real (comunismo) e o nacional-socialismo (nazismo) —, o sistema judicial é muito mais severo e, em geral, não há respeito pelos direitos humanos.
Agora vem a conclusão.
Não tenho certeza de qual será o resultado das eleições de outubro/2022.
Porém, acho que pelas razões expostas, há uma probabilidade maior do Bolsonaro ganhar do Lula. Devo acrescer que não acredito nas pesquisas de opinião. Aliás, é bom lembrar que segundo as pesquisas, o Trump não seria presidente dos Estados Unidos (no mandato anterior, é lógico), o Macron não seria presidente da França e o Bolsonaro não seria presidente do Brasil.
Caso o Lula ganhe as eleições, as perspectivas dos eventos e processos descritos em vermelho serão a grande referência da gestão pública brasileira. Ademais — e o mais grave de tudo — os tribunais superiores serão preenchidos por cidadãos cuja conduta e cujo saber estarão distantes daqueles de seus congêneres encontrados em exemplares democracias desenvolvidas.
Enfim, um político mineiro — acho que era mineiro — disse que política é igual a nuvem: você tira os olhos e olha para baixo; quando você volta a olhá-la, está diferente do que você tinha visto. Pois bem, até outubro, a nuvem política pode mudar.
É isso, caro amigo. Sei que meus garranchos não servem para nada. São opiniões gratuitas. Porém, os enganos ou os erros aqui contidos podem servir para o desafio da faculdade de pensar, saindo da bolha em que cada um de nós, queira ou não, acaba se colocando.
Fraterno abraço, sem diminuir uma gota da admiração que tenho pelo amigo,
RS
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