A senhora Eliane Cantanhêde iniciou sua crônica "O Brasil está em guerra pela democracia, mas a 'casa do povo' cuida dos próprios interesses", asseverando que o Congresso triplicou escandalosamente o fundo eleitoral. Nisso, ela está completamente certa. Depois, ela declarou que há uma ameaça do presidente em rasgar a Carta Magna e, especialmente, proferindo ataques contra o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral.
Suponhamos, por absurdo, que ela tenha razão em relação ao mandatário da Nação; contudo, sua primeira grande falha é não explicitar que os dois tribunais têm desprezado, de forma recorrente, os mandamentos constitucionais. E o que é pior, ela declara que os ministros resistem bravamente em nome da democracia. Parece ironia, mas, não é! Ademais, a senhora Cantanhêde indagou para onde o Congresso está indo.
A insigne articulista prosseguiu sua sanha contra o governo federal, construindo disfarce ampliando as críticas ao Parlamento. Enfim, deixou o essencial, a causa da atitude de deputados e senadores de lado, já que para isso teria que admitir a ação eficaz do poder Executivo contra a velha política.
O Congresso tenta retornar para onde sempre esteve, com parcela expressiva de seus integrantes mergulhada no lamaçal da corrupção. A fonte secou e agora eles realizam ingente esforço para compensar. Nisso, os políticos têm o apoio dos formadores de opinião e dos marginais encastelados no poder judiciário. Então, políticos, magistrados e integrantes da mídia estão contribuindo para o resultado da eleição de 2022. É simples, mas tem gente que se recusa a admitir e contribui solidariamente.
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[Divulgado no Estadão online de 8/Ago/2021]
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