sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Jubileu de Ouro dos formandos de 1971, na AFA


Participei, durante 3 anos, da turma de 1966 da EPCAr (Escola Preparatória de Cadetes do Ar), em Barbacena-MG. Em 1969, deixei a Aeronáutica e fui para o Exército, ingressando na AMAN (Academia Militar das Agulhas Negras), em Resende-RJ. 

Fui contemplado com o convite para a celebração dos 50 anos de formação — em 1971, na AFA (Academia da Força Aérea), em Pirassununga — de Aspirantes Aviadores, Intendentes e de Infantaria da Aeronáutica, oriundos, majoritariamente, daquela turma da EPCAr.

Alguns formandos presentes foram para a reserva no posto de Tenente-Brigadeiro Aviador (amigos Godinho e Burnier) e Major-Brigadeiro Aviador (amigos Gilvan e Roberto); e a maioria deles foi para a reserva no posto de Coronel Aviador (dentre eles, os amigos Otto, Izaías, Drumond, Paulo e Douglas). Enfatize-se que se formaram em 1971, cerca de 120 Aspirantes; e compareceram à celebração do Jubileu de Ouro cerca de 40 formandos da turma.

Com singelas palavras, formulei o agradecimento pelo privilégio que me foi conferido de representar os companheiros que deixaram a Aeronáutica e ingressaram no Exército.

 

 

Senhores Tenentes-Brigadeiros Godinho e Burnier

Senhor Brigadeiro Godett, Comandante da Academia da Força Aérea

Meus estimados e inexcedíveis amigos,

Um paraquedista não pode perder passagem, mas eu, como paraquedista, perdi a passagem e não usei a palavra na hora certa. Recuperei-me e falo agora. Portanto, houve um engano de minha parte e não cabe ao amigo Marcy Drumond pedir desculpas por isso.

O essencial que me motiva é a honra e o privilégio de, excepcionalmente, estar participando deste evento extraordinário.

Talvez, eu deva voltar-me para o futuro e cogitar sobre o último dia de minha vida. Como seria? Parece que nessa circunstância, eu não pensaria na casa, no carro e em quaisquer outros bens materiais. Nem pensaria na evolução profissional, nos cargos e nas modestas realizações que empreendi. Entendo que minha mente seria preenchida por gente, pelas pessoas da família, bem como pelos amigos com quem tiver cruzado ao longo da caminhada; enfim os seres humanos e apenas os seres humanos terão relevância. Nada levarei para a eternidade. Nesse dia emblemático e balizador de minha existência, só restarão as imagens e as lembranças dos familiares e dos amigos, com inequívoca ênfase para as gentilezas, a camaradagem e a solidariedade, alicerçadas na amizade que tiver a fortuna enriquecedora de ter vivenciado.

E uma razão dessa reflexão encontra-se aqui no âmbito da Nata da Força Aérea. Sim, porque sendo de origem modesta — vindo lá da roça na fímbria do pantanal sul-mato-grossense —, saí de casa, na alvorada da vida, com apenas 7 anos de idade, para a busca do que o destino me proporcionou. E dessa forma, àquela época, juntei-me aos amigos transformados em irmãos — esses que em 1966 ingressaram na EPCAr em Barbacena (turma 66-BQ) — para receber o conhecimento e as referências basilares da vida humana; para aprender que os sonhos maiores da juventude permanecem; para assimilar, aprofundar e praticar os valores fundamentais da Humanidade. 

Portanto, a homenagem que estou recebendo não se alicerça em minhas parcas virtudes, caso existam; ela resulta da grandiosidade desta turma, e também da forma solidária, generosa e enriquecedora com que todos, que a ela pertencem, sempre se comportam.

Não me resta senão expressar o reconhecimento e a gratidão aos bravos aviadores, intendentes e infantes que hoje se reúnem para o 50º aniversário da primeira turma formada na Academia da Força Aérea, pela alegria e emoção, singulares porque únicas — e plural pela amplidão e riqueza de seu significado — associadas ao convite com que me premiaram para participar desse magnífico evento de celebração.

Muitíssimo obrigado a todos!

ARS

Pirassununga, 19/11/2021

[Reconstituição ‘a posteriori’, das palavras que proferi, de improviso, por ocasião do almoço,

quando recebi o certificado com a homenagem]

 












 

 

   

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