No artigo “Maldizer CPI é servir a Bolsonaro” (Estadão de 3 de outubro), o articulista José Nêumane declara que “o comando da CPI, composto por Aziz e Calheiros, além de Randolfe, constituiu o único empecilho que Bolsonaro teve de enfrentar para adiar seus sonhos totalitários”; e acrescenta que “sem a CPI nosso povo não teria sabido das maracutaias da covaxin, das negociatas de vacinas nem da privatização de verbas milionárias da Saúde.” Essas assertivas destituídas de fundamento fático informam mais sobre o caráter do formulador do que sobre as supostas irregularidades que ele tenta denunciar.
No artigo “Caso Prevent Senior expõe vulnerabilidade dos clientes e baixo controle sobre planos de saúde” (Estadão de 4 de outubro), a jornalista Cristiane Segatto abre a matéria com a seguinte chamada: “Antes de produzir o relatório final, para o qual são previstos indiciamentos de figurões da República, o chamado G7 da CPI da Covid no Senado deu muita dor de cabeça ao presidente.”
Ao longo do texto, a senhora Segatto relata acusações contra a empresa operadora de saúde Prevent Senior e contra a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). No caso da Prevent Senior é indicado que “a operadora fazia propaganda do ‘tratamento precoce’ e “estudos” feitos com hidroxicloroquina, azitromicina e outras substâncias – remédios também defendidos pelo presidente Jair Bolsonaro”. No atinente à ANS, é mencionado o frágil controle social sobre as práticas das operadoras e a consequente demora de agir.
As informações e juízos de valor contidos nos artigos citados fazem parte de um conjunto de ações, cujo objetivo é derrubar o governo Bolsonaro — o que opositores, intelectuais e formadores de opinião da mídia estão tentando, com insucesso, durante mais de dois anos. Diante disso, neutralizar ou desestabilizar o governo constitui objetivo sucedâneo inarredável.
Evidentemente, a solução ocorrerá em 2022, quando os cidadãos brasileiros darão o veredito definitivo nas urnas. Paciência e elegância — nem sempre possíveis — são cruciais para aguardar.
A propósito, repito a sugestão de perguntas a serem formuladas ao último inquirido pela CPI para finalizar com chave de ouro. Sua esposa e filhos já foram presos por corrupção de centenas de milhões de reais? O Sr. já foi acusado de bancar a mesada de filho fora do matrimônio, por intermédio de empresa contratada de órgão público? O Sr. já foi acusado de ter família com esposa e filhos bem como, simultaneamente, relacionamento bígamo com pessoa do mesmo gênero? O Sr. acha que, se algum inquiridor desta Comissão for indagado e responder “sim” para quaisquer dessas perguntas, esta CPI é sobre corrupção ou é a própria corrupção?
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[Divulgado no Estadão online de 3 e 4/Out/2021]
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