Pode ser que especialistas em meio ambiente e outros formadores de opinião tratem das queimadas na Amazônia de forma correta, porém bem que poderiam desvincular-se da escravidão às visões políticas e ideológicas. Dessa forma, prestariam um inexcedível serviço à sociedade, contextualizando essa questão brasileira no âmbito dos problemas similares de outras regiões do globo terrestre.
Nesse sentido, os especialistas poderiam comparar o efeito das queimadas na Amazônia com o que ocorre na Califórnia, na Sibéria e em países africanos. De quebra, poderiam comparar com o desmatamento ocorrido na Europa (mesmo com o reflorestamento parcial e tardio). E assim deixariam de lado o viés político, ideológico e outros resultantes da natural parcialidade humana. Alguns referem-se simplesmente à estupidez humana, o que não é razoável para qualquer juízo de valor sério.
Em face de comentários agressivos — personalizados, individualizados, isto é, dirigido a minha pessoa —, apresentei minhas credenciais para expressar a visão que tenho da Amazônia.
Nasci na roça e saí de casa com 7 anos de idade. Vivi e trabalhei na Amazônia durante 4 anos, fazendo obras nas fronteiras da Venezuela, Colômbia e Peru. Vivi no Oriente Médio durante 2 anos. Estive na Sibéria e na Antártida. Os professores doutores com quem interagi em universidades americana e chinesa e com quem, não raro, dialoguei sobre Platão, Aristóteles, Hobbes, Locke, Adam Smith, Marx e Gramsci, jamais me dirigiram ofensas de qualquer ordem. De fato, o meu argumento está alicerçado na comparação do conhecimento — na comparação do conhecimento, enfatizo — e leva em conta a estupidez global, lida e vivenciada.
A Amazônia é brasileira. Concordo com a abordagem que preconiza defender, preservar e desenvolver essa riquíssima e promissora região. O foco deve estar colimado nos mais de 20 milhões de habitantes que vivem lá. A segunda meta está voltada para o restante do povo brasileiro. Da mesma forma que a corrupção e os corruptos, a criminalidade ambiental (especialmente as queimadas e o desmatamento criminosos) deve ser combatida com pertinácia, os criminosos devem ser levados às barras da justiça e, se condenados, devem ser encarcerados após a condenação em 2a. instância.
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[Divulgado no Estadão online de 2/Out/2021]
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