O consagrado jornal econômico americano Financial Times relatou que especialistas descobriram mais de 200 silos de mísseis em construção nos remotos desertos ocidentais chineses. Em realidade, o projeto pode envolver 10 vezes a quantidade de silos para mísseis intercontinentais chineses existentes na atualidade. De acordo com as avaliações em curso, essa expansão excede a quantidade de silos russos para seus mísseis intercontinentais balísticos (ICBM) e chega à metade dos silos para os ICBM americanos.
Há, pois, uma significativa mudança em curso. Especialistas acreditam que Pequim está se encaminhando para uma postura de “lançamento em alerta”. Em vez de se preparar para absorver o primeiro ataque nuclear de um adversário antes de retaliar, a China lançaria um contra-ataque assim que soubesse que um ataque contra ela estava em andamento.
Nesse contexto, na semana passada, também segundo o “Financial Times”, os americanos foram surpreendidos com o possível lançamento de um veículo hipersônico com capacidade nuclear, que tem a possibilidade de circular em órbita terrestre antes de se dirigir para o alvo. Somente Estados Unidos e Rússia possuem esse artefato bélico em seus arsenais. A China negou que tenha feito esse lançamento. De qualquer sorte, está evidente o risco de uma corrida armamentista nuclear que não se constatava há décadas.
A propósito, cabe questionar se há a possibilidade de o Brasil figurar no restrito universo de grandes potências — Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido, países que são detentores de armamento de fissão nuclear (de urânio ou plutônio) e as poderosas armas de fusão nuclear (de hidrogênio). A capacitação nuclear é a apenas um indicador da condição de nação poderosa.
Se for o caso, quando?
Ademais, os cidadãos brasileiros podem deixar os habituais problemas de sobrevivência para pensar nessa questão?
Há intelectuais com habilitação para indicar a direção estratégica?
Há cientistas qualificados para desencadear a missão?
Há estadistas com a visão para encarar o desafio?
Mas voltando à questão da China, há a considerar ...
Nunca se esqueça! Na década de 1930, quando os chineses ainda eram fracos, Qia Xuesen realizou os cursos de mestrado e doutorado nos Estados Unidos. Depois, tornou-se um dos criadores do Lab Propulsion Jet. Em 1945, foi comissionado coronel do Exército dos Estados Unidos, para interrogar cientistas nazistas. Xuesen foi preso porque estava passando os segredos obtidos para seu país. Em 1954, após a Guerra da Coréia, foi libertado, deslocou-se para a China e conquistou a condição de pai dos projetos espaciais e de mísseis chineses.
Por outro lado, em 1949, Stalin fez um acordo científico nuclear e militar com Mao e prometeu uma bomba atômica para os chineses explodirem com o objetivo de obtenção de dados. Subsequentemente, em 1959, Kruschev se recusou a entregar a bomba. Os chineses riram. Eles fizeram um projeto paralelo nuclear secreto e alcançaram seus objetivos, levando menos tempo entre as explosões das bombas de urânio e hidrogênio do que os EUA, União Soviética, Reino Unido e França, respectivamente.
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[Divulgado no Financial Times online em 22/Out/2021]
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