O presidente do Senado, Rondon Pacheco, tem mantido na gaveta as propostas de impeachment contra os ministros do Supremo Tribunal Federal. Afora garantir que acusações que possam surgir contra ele não venham a prosperar na Suprema Corte, o mandatário da mais alta instância do Poder Legislativo é sócio — ora afastado pela imposição do alto cargo que ocupa — de escritório de advocacia mineiro com causa em trâmite na Justiça, com possibilidade de ganho da ordem de centenas de milhões de reais, atinente ao rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais, com mais de duzentas vítimas.
O senador Pacheco está se arvorando a uma possível candidatura a presidência da República em 2022, em oposição ao presidente Bolsonaro. Nesse sentido, tem buscado estabelecer um paralelo com a figura do insigne presidente Juscelino Kubitscheck de Oliveira, que governou o Brasil de 1956 a 1960 e notabilizou-se pela elegância na comunicação com a sociedade, com irrepreensível obediência aos cânones da liturgia do cargo; por tentar governar segundo o jargão “empreender 50 anos em 5”; e sobretudo por legar para a posteridade a construção de Brasília.
Ademais, o JK jamais teve leniência com autoridade que não tivesse “notório saber jurídico e ilibada conduta”. O JK era médico, cuidava de seres humanos e não tinha a perspectiva de ganhar milhões com “processos espúrios”. O JK jamais teria construído Brasília se soubesse que esse Patrimônio da Humanidade seria ocupado por súcia geradora de lixões de corrupção. Portanto, são inconvenientes, inadequadas e sórdidas as comparações que enlameiem a figura desse cidadão do mundo e benfeitor da sociedade.
_________________
#################
[Divulgado no Correio Braziliense online de 28/Out/2021]
_________________
#################
Nenhum comentário:
Postar um comentário