Nesse 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil — e no qual dezenas de milhares de fiéis anualmente comparecem a Aparecida para celebrar a santa da nacionalidade — durante a celebração da tradicional missa, o arcebispo dom Orlando Brandes afirmou que “pátria amada não é pátria armada”, numa clara alusão à tentativa do governo federal de liberar a posse de armas pelos cidadãos que disponham das devidas credenciais.
Essa abordagem foi determinada pelo povo brasileiro em plebiscito de 2005 — em que 59 milhões de brasileiros (65% do total de votantes) posicionaram-se favoravelmente à posse de armas — e foi ignorada posteriormente pelo Parlamento e pela Justiça. Na atualidade, o governo federal retomou a questão; daí, a polêmica decorrente, em que o arcebispo resolveu imiscuir-se.
Não importa se o cidadão é praticante religioso ou não. Importa sim admitir que, além da busca da salvação celeste, a maioria dos credos religiosos tem fundamental faculdade educativa e motivadora de valores éticos e morais.
Nesse sentido, é lamentável constatar que a fala do titular da arquidiocese mais famosa do Brasil é inadequada e infeliz. Ademais, contribui para o consequente afastamento de fiéis da igreja católica, um processo recorrente nas últimas décadas.
Para ser pátria amada, os cidadãos devem ter condições para defender a liberdade e a verdade; os bandidos devem estar desarmados e encarcerados; e os religiosos devem ter prudência e lucidez requeridas para pregar a adesão de todos aos bons preceitos que sua respectiva religião preconiza.
O altar não é espaço para militância política, ideológica ou de qualquer outra ordem, que não seja as ditadas pelas escrituras sagradas.
Afinal, defender o que os regimes de Adolfo, Joseph, Polpot, Fidel e Hugo fizeram não se enquadra no reino do bom senso e da razão nem é de natureza divina.
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[Divulgado no Estadão online de 13/Out/2021]
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