Os políticos, os intelectuais e os demais formadores de opinião — inclua-se também nesse conjunto, os cidadãos em geral — estão se esbaldando para interpretar o filme “Não olhe para cima” (“Don’t look up”), dirigido por Adam McKay, e com participação de Merryl Streep e Leonardo DiCaprio (que, por sinal, desempenham papéis caricaturais).
Em realidade, a obra pode ser interpretada como uma metáfora política desarrazoada para esta complexa conjuntura: um cometa vai destruir a terra e os políticos se recusam a adotar as medidas para evitar, neutralizar ou minimizar o impacto do ente sideral.
Nesse contexto, petistas e demais contendores estão porfiando pelo privilégio de interpretação da metáfora. Uns atribuem aos oponentes a cegueira de não enxergar o perigo iminente que representa o êxito do líder que defendem. Os outros repetem a ladainha em sentido inverso.
Ampliando-se a visão que o filme propicia, constata-se que a narrativa poderia ser associada com duas abordagens: a vantagem do ex-honesto, ex-corrupto, ex-condenado e ex-presidiário Lula nas pesquisas de opinião e a insistência em caracterizar Bolsonaro como genocida, negacionista e portador de todos os males.
Além de desmascarar a falsidade das pesquisas, é imperioso apresentar uma versão do negacionismo adequada à realidade da oposição. Afinal, olhar o que? Não olhar o que?
Negacionismo é o sistema que abriga os seres humanos que negam a decência, a liberdade, a verdade, a ética e todos os demais valores primaciais da humanidade. Os negacionistas são favoráveis à corrupção, à impunidade dos traficantes, dos corruptos e de outros praticantes de crimes hediondos.
Portanto, adotar qualquer outra acepção para essa palavra é conspurcar a boa fé e a vontade de trabalhar por um mundo melhor, onde todos tenham igualdade de oportunidade e dignidade.
É curioso que aqueles que discordam dessas assertivas, não raro, são defensores da criminalidade em geral. Que os adePTos se identifiquem!
Por oportuno, não é absurdo admitir que os petistas e respectivos correligionários estão vivenciando a síndrome do filme ‘Não olhe para cima’, com a agravante demolidora de que eles preferem a versão: ‘Feche os olhos e não olhe em qualquer direção!’. É a única forma de não enxergar os desmandos, a corrupção, a crise moral e todos os males associados com as administrações petistas.
A rigor, a notável película que motivou este texto contém um inexcedível alerta do significado da volta ao passado nas eleições de outubro de 2022.
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[Extrato divulgado no Estadão online de 16/Jan/2022]
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