Em 2016, nos Estados Unidos e na França e, em 2018, no Brasil, o preferido nas intenções de voto levantadas nas pesquisas de opinião para a eleição presidencial foi derrotado.
Saíram novas pesquisas de opinião para a eleição presidencial de 2022, no Brasil. De forma similar aos exemplos históricos recentes, o preferido nas intenções de voto — o ex-honesto, ex-corrupto, ex-condenado e ex-presidiário — será derrotado. Curiosamente, o prócer petista teve um sonho: ganhou a eleição. Nesse sonho, ele passou por vários dilemas existenciais. Vejamos o que ele vivenciou.
Eu não sei se devolvo os 290 milhões do Barusco.
Eu não sei se devolvo os bilhões que a justiça retirou das empreiteiras.
Eu não sei se faço a reaquisição do tríplex e do sítio.
Eu não sei se cancelo a condenação dos três diretores da Petrobras.
Eu não sei se cancelo a condenação dos três tesoureiros e do presidente do PT.
Eu não sei se cancelo o impeachment dela.
Eu não sei se compro para ele um zoológico ou uma empresa de telefonia.
Eu não sei se faço uma lei rigorosa para controlar a mídia.
Eu não sei se consigo um advogado careca que não passou em concurso de juiz, ou então que trabalha para o PCC, pra nomear para fazer justiça.
Eu não sei se peço a metade dos recursos daquele amigo que guardava os milhões no apartamento.
Eu não sei se convido para a posse aquele cabra que descobriu o Rio de Janeiro.
Eu não sei se compro um avião presidencial com uma suíte mais confortável.
Eu não sei se empresto dinheiro do BNDES para as ditaduras amigas, para depois o povo brasileiro pagar.
Eu não sei se faço um acordo com a Venezuela para construir refinarias que não serão concluídas.
Eu não sei se faço a transposição das águas do rio Amazonas — essa daria para esticar a obra durante uns 50 anos.
Eu acho que ..., a rigor, eu não sei se acho!
Bom, eu acho que vou parodiar aquele meu amigo baiano que, como eu, não gosta de trabalhar: eu só sei que nada sei!
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[Divulgado no Estadão online de 27/Mar/2022]
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