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Comparação entre candidatos à Presidência - II
O antropólogo Roberto da Matta — sempre equilibrado e estimulante escritor — publicou no Estadão a crônica “Nem um nem outro”, onde critica de forma acerba os dois candidatos à Presidência da República e declara que não votará em nenhum dos dois.
É difícil entender as razões pelas quais alguém com a estatura intelectual do Sr. Da Matta, consiga colocar no mesmo patamar o presidente Bolsonaro e o ex-condenado e ex-presidiário Lula.
Afinal, o presidente Bolsonaro governou durante mais de três anos, enfrentou uma sequência inexcedível de crises — a pandemia do coronavírus, a guerra russo-ucraniana, o severo déficit de água, a debacle argentina — e está chegando ao final do mandato com o Brasil em situação privilegiada no mundo. Nesse sentido, deve ser destacado que, pela primeira vez, na história a inflação brasileira é menor do que a dos Estados Unidos, da França, da Alemanha e do Reino Unido; o crescimento do PIB brasileiro é maior do que o equivalente dos países citados; e a geração de empregos no Brasil (e o consequente nível de desemprego) é altamente satisfatório, se considerada a complexidade e as dificuldades da atual conjuntura.
Ademais, nas recentes eleições, o governo Bolsonaro, teve quase a metade dos seus ministros eleitos senadores, governadores e deputados federais, enquanto o Sr. Lula — afora ser responsável pela maior crise moral, econômica e política da história — teve uma boa parcela dos seus ministros (e inclusive ele próprio) acusados, condenados e presos por corrupção.
Senhor genial articulista, seu artigo é uma lamentável condenação da democracia brasileira. Essa é a democracia que está à disposição do povo brasileiro.
A democracia em que um cidadão condenado por um juiz da Justiça Federal, em Curitiba — e cuja sentença foi homologada, em segunda instância, por 3 desembargadores do TRF-4, em Porto Alegre; e, em terceira instância, por 5 ministros do STJ, em Brasília — foi libertado por um ministro do STF (indicado para essa Suprema Corte pelo partido do condenado) para se candidatar à Presidência.
Não vamos reclamar dessa democracia; vamos votar para corrigi-la — cada eleitor com sua opção e vocação.
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[Divulgado no Estadão online em 19/Out/2022] |
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