No artigo “O capitão viu o passarinho azul”, publicado na Folha de São Paulo, uma senhora que se atribui a condição de vencedora de vários prêmios de jornalismo relata, de forma irônica, recentes fatos políticos que indubitavelmente contribuem para uma possível reeleição do presidente Bolsonaro.
Entre os fatos potencializadores de sua pré-candidatura, a articulista mencionou:
- o basta transmitido ao STF, com o indulto do deputado Daniel Silveira;
- o despertar do espírito de corpo da Câmara dos Deputados, como efeito paralelo do citado indulto — sim porque a condenação indevida do deputado Silveira pelo STF constitui risco para os demais parlamentares;
- a adesão das Forças Armadas ao presidente porque a divulgação de um áudio relativo a tortura por ocasião do regime militar iniciado em 1964 reavivou a memória da famigerada Comissão da Verdade (como se a caserna agisse em favor de governo e não em favor do Estado); e
- a promessa de flexibilização da política de publicação no Twitter (que tem como marca um passarinho azul), em face da aquisição dessa empresa por Elon Musk; e
- o denominado “pacote de bondades” do governo federal, de cerca de R$ 150 bilhões, incluindo o Auxílio Brasil e o perdão de dívida de estudantes.
Além de irônica as referências aos êxitos do governo Bolsonaro são transmitidas de forma um tanto depreciativa. O que é essencial, a premiada senhora tenta esconder em suas aleivosias: a impossibilidade de o presidente ser derrotado nas eleições de outubro do corrente ano. Ela tenta esconder, porém seu objetivo velado é alertar para a inescapável possibilidade da derrota das esquerdas brasileiros no citado pleito.
O artigo detonou uma série de comentários ofensivos de parte de leitores adeptos da oposição. Eis aí um fato adicional que beneficia o atual governo: a desqualificação política dos adversários.
O padrão de comentários permite mais uma notícia boa para o governo. O nível dos opositores garante o resultado das eleições de outubro. Dizendo de outra forma: ofensa, agressão, violência e facada determinam o curso da política. Dessa maneira, a vitória fica fácil. Talvez seja o caso de recomendar que comecem a pensar em outubro de 2034. Por que? Ora, ajustado o resultado de 2022, há a chance de um bom candidato levar em 2026 e 2030. Daí a certeza que resta trabalhar para 2034.
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[Divulgado na Folha de São Paulo online de 28/Abr/2022]
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